Título: Governo decide futuro do pré-sal até o dia 31
Autor: Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2010, Economia, p. B12

Decisões sobre nacionalização de equipamentos e preço do barril de petróleo vão constar de contrato que será assinado com a Petrobrás

Custo. Preço do petróleo que será cedido à petrobrás está sendo calculado por certificadoras Nas próximas duas semanas, o governo vai tomar duas decisões cruciais em relação ao pré-sal: definir o preço do barril de petróleo que servirá para calcular o valor da capitalização da Petrobrás e fixar o nível de nacionalização de equipamentos para a exploração e para a produção na área. Essas informações constarão do contrato que o governo assina com a estatal até 31 de agosto.

Para fortalecer o caixa da Petrobrás e dar-lhe condições de investir na exploração do pré-sal, a União concordou em entregar a ela 5 bilhões de barris de petróleo. O preço do barril está sendo calculado por duas certificadoras, uma contratada pela estatal e outra pela ANP. "Elas não devem chegar a coisas muito diferentes", disse ao Estado o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. "No mundo inteiro, fala-se que o preço vai ficar entre US$ 5 e US$ 10."

A expectativa é que a ANP receba o cálculo no dia 19. O preço do barril será discutido em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a ser realizada "três ou quatro dias depois".

A definição do índice de nacionalização é aguardada com expectativa pela indústria brasileira, principalmente após os rumores que a Petrobrás estaria defendendo a contratação de apenas 35% de conteúdo local.

Segundo Zimmermann, a Petrobrás não apresentou essa proposta. "Ela quer que se trabalhe num patamar factível." Que patamar é esse, é algo que ainda está em discussão.

Níveis de exigência. O governo fixará dois níveis de exigência de conteúdo local: um para a exploração e outro para a produção. No caso da exploração, o índice de conteúdo local atingido por empreendimentos já em andamento é da ordem de 55%.

"Hoje, não é factível exigir 65% de conteúdo local na exploração", afirmou o ministro. Já na produção, a participação de equipamentos nacionais tem ficado na casa dos 65%. "O governo vai exigir o nível mais elevado possível de conteúdo local", disse.

Para Zimmermann, não faz sentido reduzir a velocidade de exploração do pré-sal para dar mais tempo para a indústria nacional se preparar para os investimentos, conforme proposta defendida pelo secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Luciano Almeida. Ele explicou que o que estimula a empresa a investir é a garantia de demanda. Nesse sentido, retardar os planos para o pré-sal seria algo contrário ao interesse das próprias empresas.

A exploração do petróleo na camada de pré-sal exigirá a contratação de 28 sondas. "Cada uma custa US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão, e é obrigatório que sejam contratadas no Brasil." Empresas estrangeiras que detêm tecnologia de construção dessas sondas já estão se associando com empresas brasileiras para entrar no mercado.