Título: Eike anuncia a descoberta de meia Bolívia em reservas de gás
Autor: Pamplona, Nicola ; Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/08/2010, Negocios, p. B11
Projeto. A petroleira OGX descobriu uma nova província gasífera na Bacia do Parnaíba, no Maranhão, e, segundo estimativas do próprio empresário, o potencial está entre 280 bilhões e 420 bilhões de metros públicos, comparados a 560 bilhões da Bolívia
A petroleira OGX, do grupo empresarial de Eike Batista, anunciou ontem a descoberta de uma nova província gasífera na Bacia do Parnaíba, no Maranhão, região que ainda não tinha descobertas comerciais de óleo e gás natural. Segundo Batista, a província tem potencial de reservas entre 280 bilhões e 420 bilhões de metros cúbicos de gás - no mínimo, metade das reservas provadas bolivianas, hoje em 560 bilhões de metros cúbicos.
Em teleconferência com jornalistas, Eike comentou a descoberta de "meia Bolívia" no Maranhão lembrando que foi expulso do país vizinho pelo presidente Evo Morales quando desenvolvia projeto semelhante por lá. "Queríamos colocar uma térmica próxima às reservas para agregar valor ao gás e exportar um produto mais agregado ao Brasil", contou o executivo.
Ele ressaltou, porém, que a estimativa de reservas "é do Eike" e não dos técnicos da companhia, "que precisam de novos dados para confirmar". Durante a entrevista, o diretor-presidente da OGX, Paulo Mendonça, disse que os resultados obtidos até agora no primeiro poço na região são surpreendentes. "Esperávamos uma vazão de 50 mil metros cúbicos por dia e deu 400 mil metros cúbicos por dia", comentou Mendonça.
"A descoberta foi tão importante que liguei pessoalmente para o presidente Lula para dar a ele a notícia", disse Eike. As ações da OGX fecharam o pregão de ontem da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em alta de 2,52%, ante uma alta de 0,27% do índice Bovespa. A empresa tem parceria no projeto com a MPX, empresa de energia do grupo de Eike, e com a Petra Energia.
Revisão de planos. Mendonça anunciou que a descoberta levou a uma revisão dos planos da empresa para a região, com um aumento de cinco para até 15 poços, o que vai demandar a contratação de novas sondas. A companhia investiu até agora R$ 59 milhões em pesquisas sísmicas na área, que identificaram 20 potenciais reservatórios de óleo e gás. O primeiro poço, que ainda está sendo perfurado, vai custar R$ 56 milhões.
Mendonça evitou confirmar a expectativa de volumes de gás feita por Eike, mas acrescentou que a descoberta é importante por tratar-se de uma região não abastecida por gasodutos e até agora sem produção de óleo ou gás. A Petrobrás chegou a perfurar poços na região há 30 anos, mas não deu prosseguimento ao trabalho exploratório.
As concessões ficam em uma região central do Maranhão. "É uma área que tem muitos recursos naturais e o gás pode ser usado para agregar valor a esses recursos", afirmou Eike, citando as reservas de minério da Vale em Carajás, no Pará, como potenciais consumidores. A princípio, porém, a produção será destinada à geração de energia, por meio de térmicas construídas pela MPX praticamente em cima das reservas.
A empresa já tem licença para a instalação de uma potência de 1.863 megawatts (MW) na região, mas já prevê dobrar a capacidade caso o potencial da bacia do Parnaíba seja confirmado. Segundo Eike, o projeto deve entrar em operação em módulos, permitindo que a potência seja aumentada à medida que novas descobertas sejam feitas.
Resultados. A OGX anunciou também os resultados do segundo trimestre, no qual reverteu um prejuízo de R$ 177,528 milhões para lucro de R$ 57,789 milhões. Como ainda não tem operações, o resultado se refere a variações na receita financeira. Em um terceiro comunicado, informou que conseguiu renovar o seguro de suas operações para os próximos 12 meses com economia de US$ 1,5 milhão, apesar do aumento de risco setorial após o vazamento da BP.