Título: TAM começou no interior de São Paulo
Autor: Costa, Melina
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/08/2010, Economia, p. B1

Rolim Amaro, quando começou a colocar em pé a Táxi Aéreo Marília, no início da década de 60, tinha a ambição de levar sua marca para todo o mundo.

Por muito tempo ele teve de enfrentar as preferências governamentais pela Varig, que era privilegiada dentro e fora do País, desde o período militar, com autorizações para voar nas melhores rotas.

Com o tempo o comandante Rolim, que se tornou piloto de avião ainda na adolescência, ganhou a confiança dos órgãos reguladores do setor aéreo brasileiro e transformou a empresa em líder nacional.

Além da informalidade, Rolim criou um jeito seu de selecionar com os passageiros a TAM foi a pioneira em colocar um tapete vermelho para recepcionar os clientes na porta dos aviões. Quase todos os dias o empresário, que morreu num acidente aéreo em 2001, tinha como hábito receber os passageiros no embarque, dando as boas-vindas.

Campo neutro . E foi justamente Nova York a base escolhida para boa parte das negociações e para a assinatura do contrato na noite de quinta-feira. A papelada foi assinada em dois momentos. Num deles no escritório da Sullivan & Cromel e depois na base operacional do BRG Pactual.

A idéia era que o território neutro ajudasse a proteger o negócio do vazamento de informações no Brasil e no Chile. Além disso, explica o advogado Antonio Meyer, optou-se pela escolha de um país neutro em questões legais. Ou seja, que não houvesse nenhum tipo de favorecimento ou peso da legislação desse ou daquele país no acordo internacional entre as duas companhias aéreas.

Céus abertos. Está no acordo entre LAN e TAM que, caso a legislação brasileira seja alterada e possibilite o aumento de participações de investimento estrangeiros no capital das companhias aéreas nacionais, a empresa chilena terá até 49% do capital da nova empresa.

Segundo um executivo da TAM, a tendência mundial é que cada vez mais os países optem pela política de céus abertos em vez dos atuais acordos bilaterais. Isso tende a desaparecer. Então só mesmo unindo forças para aproveitar o mercado que deve se abrir, diz.

A integração entre as duas empresas, no futuro, deve chegar também ao nome da nova empresa. Com o tempo, acredita o executivo, LAN e TAM devem desaparecer para ficar apenas a nomeclatura Latam Airlines, já que a idéia é ter uma empresa que atue prioritariamente no mercado latino-americano. Latam, por enquanto, será o nome da holding da nova empresa.

O executivo de uma das companhias regionais brasileiras se mostrou tranqüilo com relação ao negócio entre as concorrentes.

Para ele, é pouco provável que haja algum tipo de movimento de LAN e TAM no mercado interno nacional, já que a empresa brasileira é dona de 42% de participação de mercado.