Título: Água tratada é luxo em Rondônia
Autor: Moreira , Gabriela
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2010, Vida, p. A25

A funcionária pública Waldomira Ugaldi mora há 16 anos no bairro Mariana, zona leste de Porto Velho, e nunca teve acesso a água tratada e rede de esgoto. A família, formada por mais quatro pessoas, usa água de um poço para tomar banho e preparar alimentos. "Eu acho bom, pois tenho água todo dia e também não tenho despesa." Sobre a rede de esgoto, Waldomira diz não saber "o que é isso".

Assim como o abastecimento de água, a coleta de lixo é alvo de reclamação nos bairros periféricos. Moradores dizem esperar quase uma semana para ter o lixo recolhido. Nos períodos chuvosos há risco de contaminação, já que a água entra em contato com o lixo e o esgoto.

Tratamento de água e de esgoto ainda é artigo de luxo em Rondônia - só agora é realidade na capital, que tem 400 mil habitantes. Esgotos a céu aberto, além de abastecimento de água e coleta de lixo precários, são comuns na maioria dos bairros em Porto Velho, que convive com outros problemas de infraestrutura.

A Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia (Caerd), estatal responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto, atende a uma pequena parcela da população. A grande maioria conta com poços artesianos para ter água diariamente.

Um convênio entre os governos federal e estadual, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), garantiu R$ 613 milhões para obras de saneamento básico. De julho de 2009 até julho de 2011 devem ser instalados 900 quilômetros de tubulação para coleta de esgoto.

Outros investimentos no setor sairão de compensações sociais das obras das usinas de Santo Antônio e Jirau, ambas situadas em Porto Velho.

Pará. O Pará vive situação semelhante. A falta de saneamento básico não atinge somente a capital, Belém, mas também as cidades do interior. Estima-se que 80% das cidades não tenham rede de esgoto.

Em Belém, ao menos 250 mil pessoas não têm água para beber, o que prejudica a saúde da população, que sofre com diarreia e leptospirose. A situação é grave na Ilha de Marajó, onde os moradores fervem água do rio para beber.