Título: Paz entre Bogotá e Caracas seria instável
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2010, Internacional, p. A18/19
Mac Margolis, novo colunista do "Estado" para a América Latina
Após quase três décadas escrevendo sobre o Brasil e a América Latina para algumas das principais publicações internacionais, o americano Mac Margolis estreará no próximo domingo como colunista do Estado para assuntos da região. Margolis mora no Brasil desde os anos 80 - inicialmente em São Paulo, agora no Rio. Correspondente de longa data da revista Newsweek, já colaborou com a britânica The Economist e os jornais Washington Post e Los Angeles Times. Em 2003, ele ganhou o prêmio Maria Moors Cabot, da faculdade de jornalismo da Universidade da Columbia, nos EUA, por seu trabalho dedicado ao avanço da compreensão sobre os países das Américas. A seguir, ele fala sobre a crise Bogotá-Caracas:
O novo presidente colombiano Juan Manuel Santos quer diálogo com Chávez. Teremos uma paz duradoura?
Santos fez um gesto necessário ao estender a mão para a Venezuela. Mas Chávez tem sido um interlocutor instável e sujeito a crises que transbordam, contagiam a política externa. A Venezuela enfrenta, internamente, desafios políticos e econômicos imensos. Além do Haiti, é o único país da região que terá recessão este ano. Isso apesar de suas riquezas energéticas - apenas por má administração. Trata-se de uma panela de pressão, sobretudo com a proximidade das eleições parlamentares. Chávez pode tentar ofuscar o problema criando um inimigo externo. Novamente, uma crise com Bogotá seria conveniente.
Então o que muda com a posse de Santos?
Nos últimos anos, a agenda da Colômbia para a região foi pouco ambiciosa - até porque o país estava mergulhado nos problemas de segurança interna, tentando varrer a guerrilha, o tráfico e o paramilitarismo. Graças às conquistas de Uribe nessa área, Santos pode olhar para fora, fazer alianças - e até é obrigado a adotar tal postura por uma questão econômica. Ele precisa buscar parceiros comerciais para compensar os efeitos do conflito com a Venezuela.
A Colômbia ficará menos
isolada?
O clichê, que tem um fundo de verdade, é dizer que a Colômbia é uma espécie de Israel da região: ligada aos EUA e suspeita aos olhos dos vizinhos. Santos tentará mudar isto.