Título: França rejeita apelo da UE pelo fim de deportações de ciganos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2010, Internacional, p. A18

Paris ignora resolução aprovada pelos eurodeputados e diz que expulsão segue a lei comunitária

O ministro francês da Imigração, Eric Besson, disse ontem durante visita a Bucareste, na Romênia, que está fora de questão o fim das deportações de ciganos realizadas pela França. A declaração foi uma resposta a uma resolução, aprovada horas antes no Parlamento Europeu, que pedia uma mudança na política do governo francês.

Segundo Besson, Romênia e França devem encontrar uma solução para o problema dos ciganos sozinhos. A resolução aprovada pelo Parlamento Europeu pediu também que outros Estados da União Europeia (UE) suspendam imediatamente as deportações de ciganos.

O texto foi apresentado por socialistas, liberais, verdes e comunistas e recebeu 337 votos a favor e 245 contra. Houve 51 abstenções. Apenas a França foi citada explicitamente no texto, mas outros países, como Hungria e Itália, também vêm sendo duramente criticados por medidas semelhantes.

Autoridades francesas já desmontaram mais de cem acampamentos de ciganos originários do Leste Europeu desde que o presidente Nicolas Sarkozy endureceu o combate aos ilegais no país. A maioria dos ciganos deportados da França é da Romênia e da Bulgária. Parte deles, no entanto, estava em situação legal.

Crise interna. A política de Sarkozy recebeu críticas até de membros de seu governo. O ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, disse na semana passada ao jornal Le Monde que chegou a pensar em renúncia. O primeiro-ministro da França, François Fillon, demonstrou publicamente sua insatisfação com as deportações. A ONU e a Igreja Católica também criticaram Sarkozy.

Desde janeiro, a França já repatriou 8,3 mil ciganos romenos e búlgaros, mais de mil só em "voos especiais" nas últimas semanas. Paris alega que a maior parte das deportações é voluntária e segue a lei comunitária. / REUTERS, AFP e ASSOCIATED PRESS