Título: Operação vai aumentar fatia do governo na Petrobrás
Autor: Fernandes, Adriana ; Graner , Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2010, Economia, p. B1

O novo decreto publicado na edição extraordinária do Diário Oficial da União com data de ontem pode ampliar a participação do governo na capitalização da Petrobrás em, no mínimo, R$ 2,329 bilhões. Com a demanda extra, o aporte total de União, BNDES e estatais na operação pode chegar a R$ 77,1 bilhões, o equivalente a 69% do total da operação, estimada em pelo menos R$ 111,7 bilhões, com base nas cotações dos papéis da estatal no fechamento de ontem.

Com essa compra adicional, a fatia do governo no capital total da Petrobrás pode chegar a 48,2%, ante uma estimativa anterior de 47,6%. Apenas nas ações com direito a voto (ON), a participação pode atingir 65,1%.

Nada impede, porém, que o fundo faça um pedido ainda maior e compre mais papéis, caso haja sobras de acionistas que não exerceram o direito de preferência. Por isso, o valor de R$ 2,329 bilhões é considerado piso por fontes de mercado ouvidas pela Agência Estado.

De acordo com um analista, antes do decreto a participação do governo na capitalização estava praticamente limitada aos R$ 74,8 bilhões, equivalente ao valor da cessão onerosa da barris da União para a Petrobrás. "Na prática, o BNDES transferiu parte do direito de preferência dele, que provavelmente não iria usar, para o fundo soberano", avaliou o especialista.

As ações da Petrobrás que passam a integrar a carteira do fundo soberano são as mesmas transferidas pela União ao BNDES e à Caixa no âmbito da capitalização das instituições, autorizada pelo decreto publicado em 27 de agosto. A operação envolveu 139.754.560 ações ON para o banco de fomento e 77.641.422 de papéis para a Caixa.

O decreto de anteontem também autoriza a União a permutar até 13.948.656 ações ordinárias da estatal excedentes ao controle por ações PN da petrolífera que estão com o BNDESPar. Considerando a cotação do fechamento de ontem, essa permuta resultaria em crédito de R$ 50,9 milhões em favor da União, já que os papéis ON valem mais do que os PN no mercado. Para alguns analistas, o objetivo é garantir à União prioridade também sobre as ações preferenciais na oferta - hoje, o Tesouro tem apenas ações preferenciais.