Título: Com 0,04% em agosto, inflação estaciona perto de zero
Autor: Landim, Raquel ; Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2010, Economia, p. B4

Queda no preço dos alimentos conteve o IPCA, que pela primeira vez ficou abaixo do centro da meta em 12 meses

A inflação oficial estacionou em 0,04% em agosto. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)está praticamente inalterado há três meses e a taxa acumulada em 12 meses, de 4,49%, pela primeira vez no ano ficou abaixo do centro da meta estabelecida pelo Banco Central (4,5%). O comportamento confirma um alívio inflacionário, depois da alta que, em abril último, atingiu 5,26% em 12 meses.

O IPCA, divulgado ontem pelo IBGE, ficou muito próximo dos saldos de junho (variação zero) e julho (0,01%). Ou seja, no acumulado dos últimos três meses a inflação subiu apenas 0,05%. A taxa em 12 meses é também a menor desde dezembro do ano passado, de 4,31%.

"Se a taxa fosse divulgada com uma só casa decimal, o resultado (de agosto) equivaleria a zero", destacou a coordenadora de índices de preços do instituto, Eulina Nunes dos Santos. Os alimentos, os principais responsáveis pela elevação da inflação a um nível acima de 5% no segundo trimestre, também foram determinantes na redução da taxa para abaixo do centro da meta.

Em três meses, os alimentos acumularam queda de 1,89%, com recuos em junho (0,90%), julho (0,76%) e agosto (0,24%).

Os dados do IPCA de agosto foram bem recebidos por analistas econômicos. A variação de 0,04% ficou no piso das estimativas de economistas ouvidos pela Agência Estado.

O analista da Tendências Consultoria, Gian Barbosa, destacou o "bom patamar" da inflação nos últimos meses, mas manteve projeção de 5% para este ano, um pouco acima do centro da meta. O argumento de Barbosa é que "as pressões dos preços agrícolas devem se refletir em nova alta dos alimentos, que devem voltar a pressionar o IPCA a partir de setembro".

Para Cristiano Souza, do Santander, os dados do IPCA mostraram que os preços estão "bastante contidos". No entanto, ele espera aceleração dos reajustes em setembro, mas "ainda uma taxa de inflação muito baixa". Souza acredita que "a crescente oferta e demanda de crédito e os impulsos fiscais e monetários ainda devem elevar a atividade durante os próximos meses, exercendo alguma pressão sobre o IPCA".