Título: Sigilo bancário de tucano também pode ter sido violado
Autor: Macedo, Fausto ; Tavares, Bruno
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2010, Nacional, p. A8

PF vê indícios de que Eduardo Jorge foi vítima de vazamento de seus dados no Banco do Brasil, que nega irregularidade

A Polícia Federal tem indícios de que o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, também pode ter tido o sigilo bancário violado. Pelo menos três dos depoimentos colhidos até agora confirmam que no dossiê feito por arapongas e assessores do comitê de campanha da candidata Dilma Rousseff (PT) havia informações sobre depósitos bancários do tucano feitos em janeiro e março deste ano.

Além das violações fiscais - já comprovadas pela comissão de investigação da Corregedoria a Receita Federal -, o Globo noticiou ontem que o delegado Hugo Uruguai "quer saber a identidade dos servidores do BB que podem ter extraído informações das contas de Eduardo Jorge". A PF já enviou à Justiça pedidos de quebra de sigilos bancários de alguns dos depoentes. Pediu, ainda, que o banco público forneça informações sobre os dados do sistema de informática de controle e movimentação de contas.

Eduardo Jorge teve o sigilo fiscal violado no dia 8 de outubro de 2009, quando funcionários da Receita da delegacia de Mauá (SP) puxaram e copiaram sem pedido oficial suas declarações de Imposto de Renda dos anos de 2008 e 2009. Em depoimento no dia 5 de agosto, ele disse à PF ter a informação de que o dossiê montado pela "equipe de inteligência" da pré-campanha da Dilma, tinha informações deste ano sobre movimentações bancárias relativas à venda de imóveis do espólio de seu sogro. Dois depoimentos de jornalistas confirmaram a informação.

Para a PF, se for confirmada a violação bancária, isso mostra que nem tudo é "informação velha obtida em pesquisas no Google", como diziam assessores da ex-ministra quando a revista Veja revelou, em maio, a existência do dossiê. Ontem, o BB divulgou nota oficial dizendo que "não foi identificado qualquer fato que indique violação de sigilo, nem que aponte nessa direção". Diz que o BB "reitera o zelo pela integridade e segurança dos dados de quem mantém relacionamento com o banco. Até o momento, não foi identificado qualquer fato que indique violação de sigilo, nem que aponte nessa direção." Confirmou que recebeu ofício da Justiça com os pedidos feitos pela PF e que "vai se manifestar na forma processual".

Anteontem, o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, anunciou que a PF, por ordem do presidente Lula, assumiu integralmente a investigação sobre vazamento de dados na Receita. "Preciso dar resposta firme e rápida, de modo a mostrar ao País o que aconteceu, punindo os responsáveis por esses crimes", afirmou Barreto.