Título: Mantega diz que ritmo de expansão já está em queda
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2010, Economia, p. B1/3

Ímpeto de crescimento econômico na segunda metade do ano será menor que os 8,9% do primeiro semestre, prevê o ministro

Apesar de ter se mostrado satisfeito com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a expansão prevista para o segundo semestre será inferior aos 8,9% dos primeiros seis meses de 2010, ante o mesmo período de 2009.

O ministro afirmou que tem indicadores de agosto e setembro mostrando que o ímpeto de crescimento na segunda metade do ano será menor.

Mantega fez a afirmação em resposta a uma pergunta sobre se o Banco Central (BC) não teria sido leniente ao interromper o ciclo de elevação da taxa básica de juros num ambiente de crescimento econômico. Ele afirmou que a decisão do Copom, que na quarta-feira manteve a Selic em 10,75% ao ano, foi correta. "O BC tem feito movimentos adequados porque a inflação está abaixo das previsões."

O ministro reiterou que o PIB fechará 2010 com alta em torno de 7%, o que significa que a economia no segundo semestre deverá crescer menos. E a inflação, de acordo com Mantega, encerrará 2010 com uma taxa ao redor de 5%. "Estamos satisfeitos com o nível de crescimento porque estamos gerando emprego."

Mantega destacou que a economia brasileira deverá receber no último trimestre deste ano um reforço de R$ 100 bilhões, principalmente por causa do pagamento do 13.º salário.

Bernardo. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ao Estado que o crescimento do PIB no segundo trimestre e os dados positivos relativos ao terceiro trimestre o levam a crer que a economia deve fechar o ano com expansão de 7,5% a 8%. Segundo ele, os números divulgados ontem pelo IBGE mostram a "vitalidade" da economia brasileira. "Foi um resultado muito bom. O pessoal estava mais pessimista", disse, em referência tanto às projeções do governo como às de mercado, que trabalhavam com alta de 0,5% a 1% para o PIB do período.

Segundo o ministro, com o desempenho econômico do período de abril a junho, já está praticamente garantida uma alta de 7,2% para o PIB de 2010. Para Bernardo, o governo Lula deve fechar seus oito anos com média de crescimento anual de 4%.

Embora a desaceleração do segundo trimestre tenha sido menor do que se previa, o ministro não vê motivos para aumentar a pressão por uma alta na taxa básica de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária do BC. Segundo ele, já se passaram três meses de inflação em torno de 0% e a preocupação do BC é ter crescimento com pouca inflação.

Ainda de acordo com Bernardo, os dados mostram que as ações já adotadas pelo BC estão surtindo efeito sobre a economia e contendo a inflação. "O crescimento do segundo trimestre com inflação baixa mostra que o BC adotou medidas corretas", disse o ministro, acrescentando que o governo não tem por objetivo travar a economia.

Reações

GUIDO MANTEGA MINISTRO DA FAZENDA "Estamos satisfeitos com o nível de crescimento porque estamos gerando emprego"

PAULO BERNARDO MINISTRO DO PLANEJAMENTO "Foi um resultado muito bom"