Título: Só se o presidente quiser ser Hitler
Autor: Mello, Patrícia Campos ; Warth, Anne
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2010, Nacional, p. A8

O presidente do DEM, Rodrigo Maia, recorreu ontem a Adolf Hitler e à perseguição aos judeus na Alemanha nazista para descrever o desejo expressado pelo presidente Lula de "extirpar" o partido do cenário político. "A vontade do presidente é derrotar de forma radical os seus adversários para que o PT possa fazer aquilo que o Senado não deixou que fizesse." Como o senhor analisa as declarações do presidente Lula? É uma declaração de uma pessoa que mostra um certo desequilíbrio, uma pessoa que coloca para fora, neste momento, todo o seu viés autoritário, relembrando aí os piores momentos, até usando a forma como a Alemanha nazista tentou extirpar os judeus.

A que atribuir a declaração?

Acho que é um pouco de oportunismo. O presidente pode, de forma democrática, pedir voto, mas não deveria, nunca, entrar da forma como o presidente está entrando nas eleições, tentando desqualificar e, como ele disse, perseguir extirpando os seus adversários.

O projeto do DEM, de sucessão ao PFL, foi bem sucedido?

Um processo de renovação dura 20, 30 anos. Acho que o DEM está no caminho correto. Se não estivesse incomodando, o presidente não estaria tratando o DEM como tratou.

Não tem perigo de o DEM ser extirpado, então?

Olha, ser extirpado só se o presidente Lula quiser ser Hitler e perseguir os judeus. Um presidente que diz "sou amigo de todo mundo", não sei como consegue falar com tanto ódio.