Título: Estrangeiros se queixam do preço do barril
Autor: Pamplona, Nicola ; Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2010, Economia, p. B1

Gestores estrangeiros debruçam-se sobre os detalhes da capitalização da Petrobrás, que tem o potencial de se tornar uma das maiores do mundo, e não ficaram satisfeitos com o preço do barril do petróleo fixado pelo governo. Eles também têm dúvidas sobre os detalhes da transação e o grau de diluição da participação dos minoritários. No dia seguinte ao anúncio do preço dos barris, as ações da Petrobrás subiram 2,11% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

"O preço é atraente para o governo, mas não para o minoritário", avaliou o gestor Lionel Bernard, da Amundi, administradora de recursos do Crédit Agricole e Societé Generale em Paris. O gestor do fundo britânico F&C, Urban Larson, avalia que o valor é "alto, mas poderia ter sido pior". "Vamos olhar a oferta com carinho porque há poucas petroleiras no mundo com o potencial da Petrobrás, mas é preciso ser exigente sobre a precificação da ação devido ao anúncio de ontem", afirmou.

Um ponto essencial para os investidores é o grau de diluição que podem enfrentar caso não acompanhem a oferta de ações. E a reclamação é que faltam detalhes para fazer essa conta, principalmente em função das dúvidas sobre a participação de outros veículos do governo no processo. Para Bernard, da Amundi, a diluição ficará em torno de 30% para quem não participar. O número final, porém, depende do valor das ações fixado na oferta.

Já se sabe que o governo receberá US$ 43 bilhões em ações da Petrobrás ao preço a ser definido no prospecto, que será anunciado hoje. Como os fundos de pensão e o BNDES também devem participar, calcula-se que o mercado ficará com US$ 25 bilhões. Essa é a estimativa que circula neste momento, tomando como base os R$ 150 bilhões (US$ 85 bilhões) aprovados pela assembleia de acionistas.

Mesmo que a avaliação da companhia seja atraente, muitos gestores não conseguirão acompanhar totalmente a operação. Isso porque os fundos de investimento europeus dedicados possuem limite de 10% para exposição à ação de uma empresa. Já os fundos globais e setoriais de petróleo estão livres dessa amarra.