Título: PIB cresceu 0,24% em julho, estima o Banco Central
Autor: Nakagawa , Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/09/2010, Economia, p. B5

Após a acomodação vista no segundo trimestre, a economia dá novos sinais de retomada do crescimento. Números divulgados ontem pelo Banco Central mostram que a atividade econômica teve expansão de 0,24% em julho na comparação com junho, no maior resultado mensal desde março.

Esse resultado revela que a estagnação vista nos últimos meses pode ter ficado para trás e que a economia já voltou a crescer gradualmente.

Após dois meses de números estacionados, com pouca variação, o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) voltou a reagir e marcou 139,46 pontos em julho na série com ajuste sazonal. Construído com base em diversos dados como produção industrial e vendas no varejo, o indicador do BC mede a evolução da atividade econômica e tenta mostrar o comportamento mensal do Produto Interno Bruto (PIB). O IBGE só divulga o resultado do PIB a cada três meses.

O aumento do IBC-Br em julho - após a ligeira retração de 0,09% em maio e queda de 0,03% em junho - mostra que a economia reagiu.

"A pesquisa revela que a acomodação do 2º trimestre foi encerrada e, agora, estamos no início da retomada prevista para o 2º semestre", diz o analista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria. Para ele, a alta do indicador é resultado da melhora de indicadores como a confiança de consumidores e empresários, emprego e renda. "E, como a perspectiva para esses fatores continua positiva e o crédito está favorável, o crescimento deve continuar."

Bacciotti avalia que o comportamento do IBC-Br em julho é condizente com a expectativa da Tendências de que a economia deve crescer 7,2% em 2010. O BC é um pouco mais otimista e prevê expansão de 7,3%. Para atingir esse desempenho previsto pelo BC, o PIB precisa crescer, na média, 0,7% em cada um dos trimestres finais de 2010.

Por enquanto, no acumulado em 12 meses, o índice do BC mostra que a atividade econômica teve expansão de 6,89% no período encerrado em julho de 2010.

Juros. Apesar de prever crescimento do PIB semelhante ao do BC, Bacciotti discorda quando o assunto é juros. Enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) não demonstra preocupação com a inflação, Bacciotti avalia que o IBC-Br de julho reforça o entendimento de que será necessário frear a economia em 2011 para impedir o aumento generalizado de preços.

A Tendências espera que a taxa Selic, hoje em 10,75% ao ano, deve subir para 12% no fim do próximo ano. Esse aperto da economia será necessário, segundo ele, para segurar a demanda e o crescimento do PIB - que deve reduzir o ritmo de expansão para 4,8% em 2011. Já o BC avalia que as pressões inflacionárias se dissiparam e a expectativa para a inflação em 2010 e 2011 ronda o centro da meta, que é de 4,5%.