Título: Classe A foi a mais atingida pela turbulência
Autor: Gonçalves, Glauber
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/09/2010, Economia, p. B10

A classe A foi a camada da população mais atingida pela crise financeira internacional. E foi também o estrato que menos ganhou integrantes de 2008 para 2009: 106.487 pessoas passaram a ocupar o topo da pirâmide social, revelou a pesquisa A Nova Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

"A classe C se defendeu melhor da crise. Muita gente de classe A e B está ligada à indústria", afirmou o coordenador do estudo, o economista Marcelo Neri, sobre um dos setores da economia que mais sofreram com as turbulências.

Porém, ao se considerar o período de 2003 a 2009, a classe A foi a que proporcionalmente mais cresceu no Brasil. "Há um movimento geral de deslocamento das pessoas em direção ao topo da pirâmide", explica Neri, ao avaliar que o crescimento dessa classe econômica também é importante para o desenvolvimento do País.

Enquanto a classe A aumentou 40,9% no período, as classes B e C tiveram ganho de 38,5% e 34,3% respectivamente. A classe D encolheu 11,6% e a E, 45,5%.

Menos desigualdade. A redução da desigualdade de renda no Brasil é apontada como uma tendência. O estudo da FGV prevê que o País está prestes a atingir o menor nível de desigualdade desde que os registros foram iniciados, em 1960.

O Índice de Gini, que mede o nível de concentração de renda da sociedade, era 0,5367 naquele ano e atingiu o pico de 0,6091 em 1990. De acordo com essa tabela, quanto mais próxima de zero se encontra uma sociedade, mais igualitária ela é; quanto mais próxima de um, mais desigual. No ano passado, o Gini brasileiro fechou em 0,5448.

O estudo também revelou que, embora o PIB do País não tenha crescido em 2009, a renda per capita aumentou 2,04% no período, com base em dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (Pnad).

Outros indicadores, além da renda, também mostram que as condições de vida da população melhoraram, como o porcentual de domicílios com computadores com acesso à internet, que subiu de 11% em 2003 para 28,4% em 2009.