Título: Chineses podem pagar US$ 7 bi por participação na OGX, de Eike Batista
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/09/2010, Negócios, p. B16

Parceria. As estatais chinesas Sinochem e CNOOC negociam entrada no capital da empresa de exploração de petróleo e gás do grupo EBX; companhia já havia colocado à venda uma fatia de até 30% em sete blocos de exploração na Bacia de Campos

As chinesas China Petrochemichal Corporation (Sinopec) e China National Oil Offshore Oil Corporation (CNOOC) podem apresentar uma oferta de até US$ 7 bilhões por ativos da OGX, do grupo empresarial de Eike Batista. A informação foi dada a agências internacionais por fontes próximas ao processo. A expectativa é de que a operação seja concluída até o fim do ano. A OGX preferiu não comentar o assunto.

A petroleira de Eike colocou à venda uma fatia entre 20% e 30% de seu conjunto de sete blocos exploratórios em águas rasas na Bacia de Campos. Fontes próximas às negociações, porém, disseram que a operação pode envolver uma participação na própria OGX - que tem ainda blocos exploratórios nas bacias de Santos, Espírito Santo, Pará-Maranhão e Parnaíba - em processo semelhante ao ocorrido com a MMX, que teve 21,5% das ações transferidas à chinesa Wuhan Iron and Steel Corp (Wisco).

"A estruturação do negócio que foi posta na mesa tem alguns componentes diferentes. Não se trata apenas de venda de ativos, deve haver alguma fatia da OGX à venda", disse uma das fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters. Procurada pelo Estado, a OGX informou apenas o interesse em até 30% de suas concessões na Bacia de Campos.

Em teleconferência realizada no início de agosto, Eike afirmou que esperava fechar o negócio até meados do mês passado, mas a data foi prorrogada. Segundo fontes, as companhias chinesas são as maiores interessadas nos ativos. Não está claro se farão a oferta sozinhas ou em conjunto. Nenhuma das duas quis comentar o assunto, alegando que o processo de negociação ainda não está fechado.

Otimismo. A OGX estima ter encontrado cerca de 3,7 bilhões de barris em seu polo exploratório da Bacia de Campos, número que precisa ser confirmado por intensas atividades exploratórias. O óleo é do tipo pesado, que tem maior custo para extração e menor valor de venda no mercado. Mesmo assim, a companhia é bastante otimista com o projeto, que deve ter sua primeira produção de petróleo no início de 2011, segundo meta estipulada em seu plano de negócios.

Segundo uma fonte, o valor negociado oscila entre os US$ 5 bilhões e os US$ 7 bilhões, montante pedido pela OGX. Experiente geólogo ouvido pelo Estado calculou em cerca de US$ 2 bilhões o valor das reservas da empresa em Campos, o que reforça as especulações sobre uma possível entrada dos chineses no capital da OGX - que recentemente anunciou a descoberta de reservas gigantes de gás natural no Maranhão.

Ao todo, a companhia tem 29 blocos exploratórios no País, com reservas estimadas pela consultoria DeGolyer & McNaughton em 6,6 bilhões de barris de petróleo, segundo relatório de certificação feito antes da descoberta de gás no Maranhão. A expectativa da companhia é de que o volume seja ampliado em uma próxima análise.

No segundo trimestre, a OGX anunciou a aquisição de cinco blocos exploratórios em leilão realizado na Colômbia, em sua primeira incursão internacional.