Título: Unidades da USP que não se adequarem poderão perder verba
Autor: Mandelli, Mariana ; Primi, Lilian
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2010, Vida, p. A18

Reitor da maior universidade pública do País cobra coerência dos dirigentes e investimento dos recursos liberados

A falta de uma conduta harmônica entre dirigentes de uma unidade da Universidade de São Paulo (USP) e a não utilização da verba recebida para projetos poderão fazer com que ela perca o dinheiro para outras que se mostrem mais dinâmicas. A afirmação é do reitor da universidade, João Grandino Rodas. "Uma unidade em que as propostas dos dirigentes não têm coerência, que não se mexe e fica com o dinheiro parado, pode perder essa suplementação para outra, porque está mostrando que não é um bom investimento para a universidade", disse o reitor. "No bom sentido, o objetivo é colocar emulação, incentivo e concorrência dentro da USP. Não podemos achar que está tudo bem e nos acomodar. Temos de trazer modernização e qualidade para os cursos para que, quando as pessoas olharem para eles, saberem que a USP oferece isso", explica Rodas. Segundo ele, se isso não for feito, haverá muitas diferenças entre as unidades da USP no futuro.

Na semana passada, uma reunião do Conselho Universitário aprovou um documento com princípios gerais para a criação de novos cursos de graduação. O texto destaca a grande expansão da USP - na última década houve aumento de 40% das vagas, com a criação de 85 cursos - e afirma que o processo "não pode continuar no mesmo ritmo que vem acontecendo", sendo "necessário avaliar a situação atual da graduação da USP".

O documento propõe a análise de currículos; discussão sobre os cursos de baixa demanda e baixo impacto social; modernização dos projetos pedagógicos; identificação das causas de evasão escolar e maior atenção aos cursos noturnos. Dessa forma, existe a possibilidade de cursos que não se adequarem serem fechados. Segundo o reitor, o processo de avaliação já começou. "As diretrizes foram aprovadas, isso já está sendo feito. Elas fazem parte do planejamento para as unidades saberem as prioridades acadêmicas e didáticas dessa gestão", explica Rodas.

As unidades da USP e os conselhos de graduação e de pesquisa serão responsáveis por avaliar e reestruturar os cursos. "A reitoria não vai começar nada. Ninguém vai bater na porta da faculdade e dizer: "Mude"", afirma o reitor.

Rodas explica que os cursos mais antigos e os mais novos não serão necessariamente o alvo. Ele cita como exemplos o curso de Direito - um dos mais tradicionais da instituição, que foi reformulado em 2007 - e cursos da USP Leste, como Têxtil e Moda e Gerontologia, que vêm adequando os nomes e os currículos de acordo com as necessidades da universidade e da sociedade.

Rodas ressaltou que a aprovação das diretrizes não significa a paralisação da USP para a criação de novos cursos, mas sim um esforço para elevar a qualidade dos existentes. "O que queremos agora é a adequação das vagas que criamos em um número muito grande nos últimos anos", diz. "Precisamos fazer muita coisa, em diversos sentidos. Portanto, a ênfase não será em criar cursos novos, e o próprio conselho aprovou que não é esse o caminho."