Título: Blackstone negocia compra de participação no Pátria Investimentos
Autor: Cançado, Patrícia
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/09/2010, Negocios, p. B17

Prioridade. Aquisição marca a entrada no Brasil de um dos maiores fundos de private equity do mundo no Brasil; parceiros desde 2004, Pátria e Blackstone estão de olho em multinacionais brasileiras dos setores de óleo e gás, mineração e agronegócio

O fundo de investimentos americano Blackstone deve anunciar na próxima semana a compra de uma participação na gestora de recursos Pátria Investimentos. A aquisição de parte do Pátria será a porta de entrada de um dos maiores fundos de investimentos do mundo no Brasil.

O Blackstone tem uma aliança estratégica com o Pátria desde 2004. Mas, até hoje, não tinham feito nenhum negócio em conjunto. Depois da crise financeira global, que debilitou também essa indústria nos mercado maduros, o Brasil ficou atraente para o Blackstone. Procurado, o Pátria disse apenas que não comenta rumores de mercado.

Em parceria com o Pátria, desde o começo deste ano o fundo já vem prospectando empresas locais, de capital aberto, dos setores de óleo e gás, mineração e agronegócio, onde o Brasil tem vantagens competitivas. Está interessado em comprar participação em multinacionais brasileiras que possam fazer a consolidação em seus setores.

Fundado em 1985 por Steve Schwarzman com um patrimônio de apenas US$ 400 mil, o Blackstone é um dos ícones do capitalismo americano. Nos Estados Unidos, Schwarzman é chamado de "o novo rei de Wall Street".

O Blackstone costuma surpreender as pessoas pelo tamanho dos seus negócios. O fundo esteve por trás de sete das 25 maiores aquisições feitas com dívida na história. Há quatro anos, pagou US$ 38,9 bilhões pela Equity Office Properties, a empresa de propriedades do investidor americano Sam Zell. Com a crise, o tamanho dos seus negócios mudou. Em agosto, anunciou a compra da empresa de energia Dynegy por cerca de US$ 5 bilhões. Foi o maior negócio feito com dívida no ano, mas muito distante dos valores de antes.

Apesar de a crise ter sido um desastre para os fundos de private equity, o Blackstone foi um dos que tiveram o melhor desempenho nessa indústria nos últimos dois anos, garantido pela abertura de capital em 2007, segundo seus executivos.

O portfólio do Blackstone tem empresas como a cadeia de hotéis Hilton, comprada em 2007 por US$ 26,7 bilhões, e a operadora de telefonia alemã Deutsche Telekom, comprada há quatro anos por US$ 3,3 bilhões.

Emergentes. O Blackstone começou a olhar os mercados emergentes só mais recentemente. Em 2005, abriu escritório na Índia. Há dois anos, abriu um escritório de representação em Pequim, reforçando sua atuação na China. O governo chinês possui 10% do capital da Blackstone.

O Pátria foi criado por ex-sócios do antigo Patrimônio no começo desta década, inspirado no fundo americano. Mas o relacionamento entre as duas casas é anterior. Os banqueiros se conheceram em 1999, quando o Patrimônio foi vendido para o Chase Manhattan Bank, mais tarde adquirido pelo J. P. Morgan.

Operações bilionárias

US$ 38,9 bi foi o valor da aquisição da Equity Office Properties, há quatro anos

US$ 26,7 bi foi o valor da aquisição da cadeia de hotéis Hilton, feita em 2007

US$ 5 bi foi quanto o Blackstone pagou pela Dynegy este ano