Título: Preocupação com reajustes une BC à Fiesp
Autor: Graner, Fabio ; Fernando Nakagawa
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/10/2010, Economia, p. B1

O Banco Central está preocupado com os altos reajustes para algumas categorias de trabalhadores, como os da construção civil. A falta de "moderação nas negociações salariais" em setores como o da construção, de acordo com o BC, aumenta o risco de pressões inflacionárias. "A moderação salarial constitui elemento-chave para a obtenção de um ambiente macroeconômico com estabilidade de preços", destacou o BC no relatório trimestral de inflação.

O alerta, curiosamente, coloca o BC ao lado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que há poucos dias, pelo seu presidente Benjamin Steinbruch, mostrou inquietação com reajustes de 10% em várias categorias. A entidade patronal tem sido crítica contumaz do BC. Os ganhos salariais maiores, na avaliação da autoridade monetária, têm sido reflexo do aquecimento do mercado de trabalho, que opera com taxas de desemprego em níveis historicamente baixos.

Para o BC, tais aumentos não podem ser maiores do que a expansão da produtividade (que é a capacidade de se produzir mais com o mesmo número de trabalhadores). "É importante que os reajuste salariais ocorram em linha com ganhos de produtividade", disse o diretor de política monetária do BC, Carlos Hamilton Araújo. "Se houver excessos em reajustes, o risco é o repasse para os preços." Mas ele evitou dizer se os movimentos de aumento de salários já estão acima dos ganhos de produtividade.

Outro fator de risco é o mercado de crédito. Embora já veja uma tendência de desaceleração, a autoridade monetária pontuou essa questão como um elemento que pode puxar a inflação.

Relatório de inflação

10,75% ao ano é a taxa de juros que o BC projeta para o final do ano 5% é a projeção do BC para a inflação medida pelo IPCA para este ano 7,3% é a previsão de crescimento do PIB que foi mantida pelo BC