Título: BC prevê queda da inflação, mas vê risco em aumento de salários e crédito
Autor: Graner, Fabio ; Fernando Nakagawa
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/10/2010, Economia, p. B1

Apesar da expectativa favorável para os preços, o BC alerta para aumentos exagerados de salários e do crédito, liderado pelos bancos públicos

/ BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

O Banco Central desenhou um cenário bem mais favorável para os preços no Brasil neste e nos próximos dois anos. No relatório trimestral de inflação divulgado ontem, a autoridade monetária reduziu suas previsões para o IPCA (índice oficial de inflação) de 2010 e 2011 e já vê a inflação até ligeiramente abaixo da meta de 4,5% até o terceiro trimestre de 2012, quando cessam suas projeções.

Apesar da expectativa mais favorável, o BC alertou, no entanto, que existem dois riscos importantes para a concretização desse cenário: reajustes exagerados de salários e o mercado de crédito aquecido, liderado pelos financiamentos dos bancos públicos, como o BNDES.

"Desde o último Relatório, reduziram-se os riscos à concretização de um cenário inflacionário benigno", avaliou o BC. "Isso se deveu em parte à reversão de parcela substancial dos estímulos introduzidos durante a crise financeira internacional de 2008/2009 e, de modo especial, ao ajuste da taxa básica implementado desde abril", completou.

Pelo chamado cenário de referência, em que o BC considera juros constantes em 10,75% ao ano, a projeção para o IPCA em 2010 caiu de 5,4% para 5% entre o relatório divulgado em junho e o de ontem. Para 2011, a estimativa recuou de 5% para 4,6%. E nos 12 meses encerrados no terceiro trimestre de 2012, o BC vê a inflação em 4,4%, abaixo do centro da meta.

PIB. O documento do BC manteve em 7,3% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. O ritmo da atividade econômica, que até poucos meses era a grande preocupação, já está no ritmo desejado pela autoridade monetária. "As perspectivas para o segundo semestre e para os próximos anos indicam que a economia deverá crescer em ritmo condizente com taxas de crescimento avaliadas como sustentáveis em longo prazo", disse o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo.

O BC avalia que o fraco ritmo da economia mundial ajuda a conter os preços no Brasil.