Título: Entrada de dólares em emergentes cresce 42%
Autor: Fernandes, Adriana ; Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2010, Economia, p. B3

Cálculo é do Instituto Internacional de Finanças (IIF), que alerta para eventuais ajustes desordenados no câmbio NOVA YORK

O fluxo de capital privado para mercados emergentes está aumentando este ano, guiado pelo rápido crescimento de países como China e Brasil e pela fragilidade em mercados desenvolvidos, segundo um relatório do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), que reúne os maiores bancos do mundo.

O IIF prevê que a entrada de capital nos mercados emergentes este ano chegará a US$ 825 bilhões, cerca de 42% acima dos US$ 581 bilhões em 2009 e superior à previsão anterior, de US$ 709 bilhões, feita em abril.

"Os fluxos de capital privado para economias emergentes continuam a se recuperar da breve queda no fim de 2008 e começo de 2009, ajudados por projeções econômicas relativamente favoráveis para vários países emergentes", informou o relatório.

O fluxo para os emergentes tem sido liderado por investidores de ações, que devem injetar US$ 186 bilhões nesses países este ano - três vezes a média anual de 2005 a 2009, de US$ 62 bilhões. Os empréstimos bancários devem desacelerar para US$ 85 bilhões em 2010, abaixo da média anual de US$ 172 bilhões.

Separadamente, o resultado de uma pesquisa do banco Morgan Stanley com investidores em uma conferência global sobre economia mostrou a mesma tendência: 62% dos entrevistados preferem as ações de mercados emergentes. Os investidores estavam "significativamente mais otimistas" do que em junho e o Brasil permanece a região favorita entre os mercados para os próximos 12 meses.

No seu relatório, o IIF disse que o aumento nos fluxos de recursos para os mercados emergentes tem sido guiado por uma combinação de fatores. Os países desenvolvidos devem manter as taxas básicas de juros baixas por um período maior do que muitos analistas esperavam no começo do ano.

Enquanto isso, taxas de juros maiores em mercados emergentes como o Brasil e a Índia, além de um crescimento econômico forte, estão atraindo o interesse do setor privado.

O IIF espera que essa tendência continue e prevê que a entrada de capital nos mercados emergentes subirá para US$ 833 bilhões em 2011.

China. Dias antes de uma reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), que começa na sexta-feira nos EUA, o IIF disse que seria apropriado que as moedas de mercados emergentes se fortalecessem em relação às moedas de países desenvolvidos. A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou na semana passada um projeto que visa pressionar a China a adotar mais medidas para impulsionar o valor do yuan.

"O perigo no curto prazo é que esse tendência de alta (nas taxas de câmbio dos mercados emergentes) aumente e ajustes do mercado se tornem desordenados, causando renovadas pressões nos mercados financeiros globais e, possivelmente, desencadeando tensões políticas e medidas protecionistas entre economias importantes", alertou o relatório.

O IIF também mostrou que os investimentos de países emergentes em economias desenvolvidas está aumentando e deve chegar a US$ 211 bilhões em 2010. / DOW JONES

Fluxo

US$ 825 bi é o capital que deve entrar nos mercados emergentes este ano

US$ 186 bi é a previsão de quanto deve ser injetado por investidores de ações

US$ 85 bi é o referente a empréstimos bancários