Título: EUA anunciam fim de moratória à exploração de petróleo no oceano
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/10/2010, Vida, p. A19

Ambiente. Decisão acontece seis meses após explosão de plataforma da BP que provocou vazamento de mais de 600 milhões de litros de óleo na costa da Louisiana, Alabama, Mississippi, Texas e Flórida; acidente foi considerado maior desastre ambiental do país

Depois de seis meses de vigência, a moratória de exploração de petróleo em águas profundas do Golfo do México deverá cair nos próximos dias, informou ontem o Departamento do Interior dos Estados Unidos. A proibição da atividade foi a primeira resposta da Casa Branca ao vazamento contínuo de petróleo após a explosão da plataforma Deepwater Horizon, da British Petroleum, considerado o maior acidente ambiental da história americana.

O fim da moratória estava previsto para o próximo dia 30 de novembro. A antecipação ocorreu, principalmente, por causa da pressão da elevada taxa de desemprego - média de 9,6% em setembro - sobre o governo americano em um período eleitoral. Em novembro, o país escolherá deputados e senadores, além de parte dos governadores estaduais, em uma eleição considerada como referendo da administração federal.

A paralisação de cerca de 35 plataformas em águas americanas do Golfo do México custou pelo menos 23 mil postos de trabalho diretos e indiretos, segundo estimativas do Escritório de Administração da Energia do Oceano e de Regulação dos EUA.

Ao anunciar ontem a antecipação do fim da moratória, o secretário do Interior, Ken Salazar, assinalou a adoção de novas regras e certificações de segurança para a extração de petróleo no Golfo do México, desde agosto passado, com o objetivo de prevenir novos desastres ambientais. Porém, ele mesmo reconheceu que, "na verdade, sempre haverá riscos associados à exploração em águas profundas".

"Nós fizemos e continuamos a fazer significantes progressos na redução de riscos associados à exploração de petróleo e de gás em águas profundas", afirmou Salazar. "A indústria de petróleo e de gás vai operar sob normas estreitas, forte inspeção e regulação ambiental, que serão dinâmicos, com base nas reformas que nós já adotamos", completou.

A explosão da plataforma Deepwater Horizon provocou a morte de 11 trabalhadores da BP e o vazamento, ao longo de 86 dias, de um total de 4,9 milhões de barris de petróleo no Golfo do México. O acidente teve um impacto colossal sobre o meio ambiente e a economia da região, agravado pelos métodos e produtos tóxicos usados nas semanas seguintes para a dispersão do óleo. Oito parques nacionais e quase 16 mil espécies de aves e de animais marinhos foram atingidos.

Críticas. O governo do presidente Barack Obama foi duramente criticado por organizações ambientais e pela oposição republicana por ter demorado a perceber o tamanho e a repercussão da tragédia na região.

Apenas em meados de junho, a Casa Branca começou a reagir. Primeiro, com a pressão para que a BP criasse um fundo de US$ 20 bilhões para o pagamento de indenizações aos setores afetados- em especial, a pesca e o turismo. Depois, com a adoção da nova regulação sobre a exploração de petróleo no Golfo do México, após críticas sobre a relação entre a fiscalização do governo e as empresas.

CRONOLOGIA Desastre foi maior dos EUA

20/04/2010 Acidente Explosão em plataforma da empresa BP no Golfo do México mata 11 funcionários.

22/04/2010 Vazamento Quantidades desconhecidas de óleo começam a vazar do poço onde ocorreu a explosão.

27/05/2010 Moratória Novas perfurações em águas profundas na costa americana são proibidas pelo presidente Barack Obama.

16/07/2010 Operações Após inúmeras tentativas fracassadas, uma operação da BP consegue vedar parte do vazamento.

26/07/2010 Demissão O presidente da BP deixa o cargo.

06/08/2010 Controle BP anuncia que conseguiu conter o vazamento, ao bombear cimento e lama para dentro do poço.

03/09/2010 Novo acidente Plataforma da companhia americana Mariner Energy explode na região.