Título: Não quero falar de sangue, afirma geólogo
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2010, Nacional, p. A4

O geólogo Persio Mandetta, que esteve à frente da Colossus no Brasil, disse desconhecer a relação do escritório de Almeida com a empresa e a cooperativa. "Eu simplesmente desconheço qual-quercoisa que tenhapassado por mimem relação a isso aí, simplesmente desconheço", afirmou. Questionado sobre outros escritórios de advocacia que tiveram honorários pagos com dinheiro da Colossus, ele respondeu: "Usamos alguns escritórios de advocacia, intermediados pela nossa parte administrativa." Mandetta disse que o objetivo do Estado com as reportagens sobre o garimpo é "apenas mostrar sangue". "Eu quero discutir uma ideia que está lá, numa região historicamente pobre, o esforço que eu fiz para que o garimpeiro começasse a entender que está ali com uma posição social melhor", afirmou. "O esforço que fiz para que tivesse uma participação mais igualitária possível. Esse esforço eu fiz. O Valdé (Valdemar Pereira Falcão), que era presidente (da cooperativa), teve sensibilidade para fazer isso e diversos caras tiveram, até os caras da oposição que contaram uma história negativa. Isso não aparece porque se quer uma história negativa", disse. O geólogo disse ter trabalhado num projeto de desenvolvimento mineral para garantir uma "evolução social" em Serra Pelada. "Eu não quero falar de sangue. Quero falar do esforço que a gente fez numa sociedade mais atrasada, vitimada por liderança atrasada, encabrestada, em que o que a gente fez foi recolocar um discurso capitalista mais avançado."

Evolução. Mandetta disse que o importante é discutir um "processo de evolução social dentro do capitalismo". "O resto esquece, pois não vai se chegar a lugar algum", afirmou. "Não tenho absolutamente, nada. Sou um cara técnico, fiz um trabalho técnico em Serra Pelada e construí um plano de desenvolvimento mineral." "É óbvio que você tem razão: lideranças atrasadas, lideranças maranhenses... traduzem as coisas como coronelato, isso tudo é problema da cultura brasileira. Não quero sangue nessas coisas", reafirmou. "Quero uma chance para dar um passo à frente. Falo isso do fundo de minha alma, ombro a ombro com o garimpeiro, nada além disso." / L.N.