Título: Petrobrás é a única abaixo do Ibovespa
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2010, Economia, p. B6
Ações da estatal foram as únicas, entre as mais negociadas no mercado, a terem rentabilidade inferior ao índice da Bolsa em 12 meses
As ações da Petrobras foram as únicas a ficarem abaixo do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) nos últimos 12 meses, segundo estudo realizado pela Economática. A consultoria analisou a rentabilidade mês a mês de 340 ações do mercado brasileiro de novembro do ano passado a outubro de 2010 (até o fechamento da sexta-feira).
A conclusão é que a ação ordinária (ON, com direito a voto) da estatal não conseguiu ganhar do Ibovespa (índice que reúne as ações mais negociadas na Bolsa) em nenhuma ocasião. A ação preferencial (PN, que tem prioridade na distribuição de dividendos) da estatal é a segunda menos eficiente, segundo a Economática.
No mesmo período analisado, as ações Petrobras PN ganharam do Ibovespa somente em uma oportunidade, em novembro de 2009. Nos outros 11 meses o desempenho foi pior que o do índice.
Ainda segundo a Economática, o estudo levou em consideração a distribuição de dividendos e o ganho calculado e o real, considerando reinvestimento dos dividendos na compra de novas ações da empresa.
Só no mês de outubro, por exemplo, enquanto o Ibovespa registrou alta de 3,23%, as ações ordinárias da Petrobras tiveram queda de 5,92% e as preferenciais, queda de 5,79%. Todo o ano de 2010, especialmente os últimos dois meses, foram marcados pelo processo de capitalização da estatal.
Relatórios. Ontem, o analista Emerson Leite, do Credit Suisse, retomou a divulgação de relatórios sobre a empresa - interrompido, segundo o banco, por período de silêncio imposto às instituições financeiras que participaram do processo de capitalização - revendo para baixo o preço-alvo das ações da estatal.
O relatório aponta que o balanço patrimonial da companhia está fortalecido após a operação, estimada em mais de R$ 120 bilhões. Apesar disso, o desfecho da oferta global de ações não foi positivo.
O material destaca que, "paradoxalmente, no entanto, a ação não é tão atrativa quanto era. Desde o início do nosso período de silêncio, a Petrobras conduziu a capitalização e concordou em comprar 5 bilhões de barris de petróleo a valores de US$ 8,51, valor 50% acima do nível que vemos como justo à luz dos gargalos existentes para desenvolver os ativos".
O Credit Suisse é mais uma instituição financeira a reduzir a recomendação para a Petrobras. Outras como o Itaú e o Deutsche Bank também haviam corrigido suas posições. Segundo o relatório do Credit Suisse, há uma projeção de o declínio do retorno dos investimentos da Petrobrás ser acelerado pelos investimentos em novas refinarias.
Além disso, a relevância da área de exploração no Plano de Negócios da estatal perdeu espaço, o que levará os resultados da companhia a estarem mais alinhados ao desenvolvimento real das operações. Há ainda a ressalva de que a Petrobras precisará superar uma crescente pressão para que amplie a compra de equipamentos nacionais.
Retorno sobre o capital. "Esperamos que o retorno sobre o capital investido fique abaixo do custo de capital até 2017, revertendo o prêmio que tinha sobre seus pares", aponta o relatório.
Essa tendência, informa o texto, deverá se confirmar devido ao acelerado ritmo de novos projetos da companhia e ao retorno esperado de apenas 8,8% na exploração dos 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal cedidos pela União, ante 17% a 25% de outras iniciativas no pré-sal, entre outros pontos.