Título: Construção retém nordestino na região
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2010, Economia, p. B1

Em dois dos principais Estados, Pernambuco e Bahia, construtoras contratam em ritmo acelerado e seguram trabalhadores

É o setor de construção que está prendendo os nordestinos na região e fazendo até mesmo muitos deles voltarem para as cidades de origem ou para as capitais nordestinas.

Segundo o Sinduscon-BA, que reúne as construtoras, apenas entre janeiro e agosto deste ano, a construção civil contratou, no Estado, 25.526 trabalhadores, mais do que em todo o ano passado (22.683).

Em Pernambuco, na região do Porto de Suape são tocadas muitas obras como a da Refinaria Abreu e Lima (investimento de R$ 26 bilhões), da Petroquímica Suape (US$ 2,2 bilhões) e da ferrovia Transnordestina.

No Recife e região metropolitana, também as obras se multiplicam. Só o Shopping Riomar, que deverá ser inaugurado em dois anos, poderá empregar três mil pessoas em sua construção. E ainda há investimentos ligados à Copa do Mundo de 2014.

Tudo isso, além do aumento de renda, mudou o eixo de desenvolvimento da região e permitiu a concretização das histórias contadas nesta página.

Com a passagem na mão. Depois de 18 anos vivendo em São Paulo, a diarista Núbia Passos Couto, 28 anos, decidiu voltar para Remanso, onde nasceu, na Bahia. Ela e o filho Gustavo, de 8 anos, já estão com a passagem em mãos para embarcar no dia 28 do mês que vem.

A decisão de voltar para cidade natal foi tomada depois das férias que passou na casa dos parentes no ano passado. "Vi que a vida é mais tranquila lá, o custo de vida é menor e dá para viver bem", diz Núbia.

Como diarista, ela tira cerca de R$ 600 por mês. Em Remanso, não sabe quanto pode ganhar, mas não vai gastar boa parte da renda com transporte. "As pessoas se iludem muito com São Paulo, mas o Nordeste é mais acolhedor e melhorou muito desde que eu sai de lá."

O plano inicial da ex-diarista é ter o próprio negócio em sociedade com uma prima que mora em sua cidade. Para isso, vai usar uma poupança de cerca de R$ 8 mil que acumulou.

Se o plano de ser microempresária não der certo, Núbia tem já outras opções. Com o ensino médio incompleto, os amigos de infância disseram que há muitos concursos públicos na sua cidade que ela poderá prestar e, se passar, terá um bom emprego.