Título: Anvisa amplia medidas de combate a superbactéria
Autor: Leite, Fabiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/10/2010, Vida, p. A32

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicará na próxima semana uma resolução que torna obrigatória a notificação de infecções hospitalares pela superbactéria KPC para as vigilâncias epidemiológicas de Estados e municípios.

O texto também exigirá que as salas de atendimento médico de hospitais públicos e privados tenham frasco com álcool-gel. As adaptações deverão ser feitas em até 60 dias após a publicação da norma no Diário Oficial.

Segundo a Anvisa, o Estado de São Paulo registrou a morte de 24 pacientes contaminados pela superbactéria KPC entre julho de 2009 e outubro de 2010.

Nesse período, a também registrou casos de superbactéria em outros seis Estados e no Distrito Federal: 183 no DF (18 mortes), 24 no Paraná, 18 na Paraíba, 12 em Minas Gerais, 4 em Goiás, 3 no Espírito Santo e 3 em Santa Catarina. Mas os números devem ser maiores, pois há subnotificação.

"É um dever notificar. Qual é a consequência pra quem não notifica? É fazer parte de um sistema com base de dados frágil", comentou Dirceu Barbano, diretor executivo da Anvisa. "Há o dever estabelecido, mas, ao longo do tempo, não fomos capazes de estabelecer uma dinâmica de obrigatoriedade", afirma.

Os casos da KPC, observou Barbano, ocorrem em ambiente hospitalar, com pacientes de quadro de saúde debilitado. "As infecções são resultado de uma série de fatores, como as condições do paciente e o ambiente no qual ele se encontra. Quanto mais precárias as estruturas, as condições em que as equipes de saúde trabalham, mais precárias serão as condições em que os pacientes serão atendidos."

Apesar do número de notificações, Barbano minimizou os efeitos da superbactéria. "Os casos de infecções hospitalares com KPC não representam episódio excepcional em relação ao histórico", comentou. O diretor disse que as medidas adotadas nos casos de KPC são aquelas típicas de prevenção e controle, consideradas padrões. "Existem outros micro-organismos que são tão ou até mais prevalentes."