Título: Votação confirma avanço do Tea Party
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2010, Internacional, p. A18

Facção conservadora republicana emerge das urnas como força política importante ao eleger vários deputados, senadores e governadores

Com muitos vitoriosos e poucos derrotados, o Tea Party destacou-se como o grande "personagem" das eleições americanas e emerge como um nova força no Congresso e em governos de alguns Estados dos EUA. Apesar das críticas de que esta facção mais conservadora do Partido Republicano não tem organização, seus líderes prometiam ontem transformar Washington, combatendo o déficit, os altos impostos e os gastos governamentais.

Robyn Beck/AFPganhos. Militantes republicanos no Texas acompanham divulgação dos resultados eleitorais Entre os maiores vencedores, estão os senadores Rand Paul (Kentucky) e Marco Rubio (Flórida). Os dois são jovens e superaram republicanos tradicionais na disputa pela candidatura antes de conseguirem cadeiras para o Senado. Filho do deputado Ron Paul, o novo senador do Kentucky adota o discurso libertário de seu pai e promete liderar uma bancada do Tea Party no Senado.

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O cubano-americano Rubio saiu do anonimato para derrotar o governador da Flórida, Charlie Crist, que concorreu como independente depois de desistir das primárias republicanas por estar atrás nas pesquisas.

Com menos de 40 anos e hispânico, segundo analistas, Rubio já chega como um nome forte no Senado e em condições de ambicionar uma disputa presidencial no futuro. Segundo o centro de estudos Pew Hispanic, Rubio obteve os votos de 51% dos hispânicos. Os cubano-americanos votaram pelo candidato da comunidade sem se importar com a fraca posição de Rubio com relação à reforma migratória, mas atraídos por suas promessas de lutar contra o gasto público em Washington.

Além dos dois, outros cinco membros do Tea Party venceram eleições para senador, sem falar em dezenas de outros que se elegeram deputados. Existem diferenças entre eles, como notam alguns analistas. Em um lado, estão os libertários, como Paul, que defendem ao extremo as liberdades individuais e a redução do tamanho do governo, incluindo o fim do Federal Reserve (Banco Central dos EUA). Outros são conservadores religiosos, levantando bandeiras contra o casamento de homossexuais e o direito ao aborto.

Duas candidatas a senador do Tea Party foram as principais derrotadas nas eleições de ontem e alguns republicanos já as culpam por não terem conseguido a maioria do Senado, além da conquistada na Câmara.

Com discursos radicais, Sarron Angle, de Nevada, e Christine O"Donnell, de Delaware, espantaram eleitores independentes e perderam para democratas. Na avaliação de especialistas, os republicanos poderiam vencer se os candidatos nesses Estados fossem mais moderados.

Musa do Tea Party e cotada para ser candidata republicana em 2012, Sarah Palin obteve bons resultados em alguns Estados, mas ruins em outros. A ex-governadora do Alasca apoiou 11 candidatos para o Senado. Destes, quatro perderam e seis venceram. No entanto, entre os ganhadores, três deles, segundo pesquisas, venceriam mesmo sem o suporte de Palin - John McCain, Paul e Rubio.

Além disso, o candidato da ex-governadora em seu Estado natal corre o risco de perder para a atual senadora republicana Lisa Murcowski, que concorreu como independente. Este seria um duro golpe para Palin.