Título: Republicanos se articulam para fazer de Obama presidente de um só mandato
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/11/2010, Internacional, p. A16

Animada com a vitória nas eleições de terça-feira, nas quais recuperou a maioria na Câmara dos Representantes e reduziu a bancada democrata no Senado, oposição republicana já começa a debater estratégia para a reconquista da Casa Branca daqui a dois anos Impulsionados pela vitória eleitoral da terça-feira, líderes do Partido Republicano começam a se articular para impedir a reeleição de Barack Obama em 2012. A intenção é evitar o que alguns chamam de "efeito Clinton" - referência ao presidente Bill Clinton (1993-2001), que perdeu a eleição de meio de mandato de 1994, mas acabou reeleito dois anos depois.

Jonathan Ernst/ReutersOlho em 2012. Líder da minoria no Senado, McConnel fala sobre vitória republicana: campanha pela presidência começaria com reversão da reforma da saúde Em trechos antecipados de um discurso que faria ontem à noite, Mitch McConnell, líder republicano no Senado, insiste que o objetivo principal de seu partido deve ser reconquistar a Casa Branca em 2012. "Ao longo desta semana, muitos têm afirmado que fui indelicado ao dizer que a prioridade nos próximos dois anos deva ser impedir que Obama conquiste um segundo mandato", assinala o discurso distribuído por seu gabinete.

"Mas é fato que se nossas prioridades legislativas são repudiar e substituir a reforma da saúde, encerrar os programas de ajuda financeira, cortar os gastos e reduzir o tamanho do Estado, a única saída seria colocar alguém na Casa Branca que não vetasse estas iniciativas", acrescentou McConnell - num recado claro ao presidente americano, que na véspera pediu diálogo com a oposição. A posição de McConnell tem eco em boa parte da base conservadora.

O presidente, ontem, também convidou os líderes republicanos para jantar na Casa Branca.

Segundo analistas consultados pelo Estado, o sucesso dos esforços republicanos para derrotar o presidente resultará em grande parte da organização do partido para escolher um candidato que tenha condições de conquistar o voto independente. Já Obama, para permanecer no cargo por mais quatro anos, dependerá não apenas melhorar a economia, como também da forma como lidará com a hostilidade republicana no Congresso.

"Se ele for muito acomodado, pode desmobilizar a sua base. Mas, caso seja muito agressivo e se distancie do centro, pode espantar eleitores independentes", afirmou Bruce Cain, professor da Universidade de Berkeley. Uma vantagem de Obama, segundo o analista, será não ter de enfrentar primárias. O único nome de peso no partido é Hillary Clinton. "Mas ele foi brilhante ao tirá-la do caminho e colocá-la como secretária de Estado."

Para Richard Benedetto, da American University, em Washington, os republicanos precisam se concentrar em encontrar um nome forte. "Sarah Palin pode ajudar na campanha, mas dificilmente atrairia o voto independente", disse. O ideal seria optar por algum governador mais moderado.