Título: Saneamento é pior do que no Equador
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/11/2010, Vida, p. A30

Poluição do ar e da água matam 269 pessoas a cada 1 milhão no País; padrão de produção também é insustentável Chama a atenção na área de sustentabilidade e vulnerabilidade o fato de que 20% da população ainda não têm saneamento no Brasil - no Uruguai todos são atendidos e, no Equador, 8% não têm acesso. Além disso, 269 pessoas em cada milhão morreram no País por poluição do ar e da água (dado de 2004).

Para Édison Carlos, presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, "o quadro é muito ruim". E ele ressalta que os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), oficiais do governo, mostram um cenário ainda pior: que 57% dos brasileiros não têm coleta de esgoto. Segundo ele, se fossem investidos integralmente os R$ 10 bilhões ao ano do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) vem colocando no setor, levaríamos 30 anos para universalizar o acesso a saneamento no País. "Como o PAC não consegue traduzir em obras esses R$ 10 bilhões, estamos falando na verdade em mais de 90 anos para universalizar", diz. Para Carlos, é necessário pelo menos dobrar os investimentos. "O saneamento impacta diretamente na saúde, na educação e na renda da população. Cerca de 2.500 crianças morrem ao ano - ou sete por dia - de doenças relacionadas à falta de saneamento."

Clima desfavorável. O relatório do IDH salienta que a "principal ameaça" para manter o progresso no desenvolvimento humano é a insustentabilidade nos padrões de produção - que dependem fortemente dos combustíveis fósseis - e de consumo. "A estreita ligação entre crescimento econômico e emissões de gases de efeito estufa tem de ser rompida", diz o texto. Mas a conclusão não é animadora: "verificam-se poucos indícios de progresso em tornar o mundo mais sustentável".