Título: Redutos democrata e republicano dividem NY
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/11/2010, Internacional, p. A19

No Harlem, partido de Obama é o favorito, mas Wall Street defende os conservadores

Enquanto os eleitores do Harlem, histórico bastião negro de Nova York, dirigiam-se a um centro de votação para defender nas urnas o Partido Democrata, do presidente Barack Obama, em Wall Street, as esperanças para as eleições legislativas eram republicanas. Embora o candidato democrata local, Charlie Rangel, se mostrasse certo de que seria reeleito à Câmara, o sentimento generalizado no Harlem era de inquietude.

"Creio que os eleitores vão votar em massa, pois o que está em jogo é muito grande", dizia Chelsea Silverman, de 45 anos, que dirige uma companhia de teatro. "Acho que os democratas vão resistir melhor do que se espera", assegurou. Para Morris Frasier, um agente imobiliário de 41 anos, os bastiões democratas, como o Harlem, deveriam se mobilizar para defender o presidente contra a ofensiva do Tea Party, movimento ultraconservador que adquiriu força no Partido Republicano, desde a chegada de Obama à Casa Branca. Ainda que não se trate de uma eleição presidencial, "muitas pessoas no Harlem sentem que o Tea Party colocou em perigo o primeiro presidente negro dos EUA", disse Frasier. "O Tea Party nasceu como reação à eleição de um presidente negro e se expressa por meio do racismo", acrescentou. Na outra ponta de Manhattan, en Wall Street, a Bolsa de Nova York abriu em alta, como se estivesse encorajada por uma vitória republicana. "O mercado espera que os republicanos tomem o controle da Câmara e que superem a maioria democrata no Senado. Em outras palavras, espera que esta eleição produza um bloqueio em Washington, que impeça certas reformas que o mundo financeiro repudia", afirmou Patrick O"Hare, do site de análises na internet Briefing.com. Mas nas ruas do bairro financeiro as opiniões não eram as mesmas. "Votei nos democratas (em 2008) e hoje vou votar nos democratas novamente", assegurou Elisabeth Cohen, de 43 anos.

"Estou um pouco decepcionado, mas não o suficiente para mudar meu voto (democrata)", disse Timothy Smith, um financista de 52 anos.

"Alguns em minha família votam no Tea Party, mas se querem saber minha opinião, em três ou quatro anos o movimento será lembrado como uma brincadeira", estimou Dan Lustig, um agente imobiliário de 43 anos.

O governo de Nova York é disputado pelo atual promotor-geral, o democrata Andrew Cuomo, e o candidato republicano ligado ao Tea Party, Carl Paladino, considerado homófobo e sexista. As pesquisas de intenção de voto indicavam que Cuomo teria ampla maioria. Mas o candidato conservador atraiu interesse dos eleitores do Estado durante a campanha com suas polêmicas declarações contra a comunidade homossexual e a construção de um centro islâmico perto de onde estavam as Torres Gêmeas, destruídas nos ataques de 11 de Setembro.

Se eleito, Cuomo, filho do ex-governador de Nova York Mario Cuomo, que conta com o apoio do ex-presidente Bill Clinton, substituirá, a partir de janeiro, o atual governador David Paterson, que assumiu o cargo depois da demissão de Elliot Spitzer por causa de um escândalo sexual.

Os eleitores de Nova York também elegerão 29 deputados e 2 senadores pelo Estado. Os senadores democratas Charles Schumer e Kirsten Gillibrand - substituta de Hillary Clinton - enfrentam os republicanos Joe DioGuardi e Jay Townsend. / FRANCE PRESSE e EFE