Título: Casos de dengue crescem 1.983% em SP
Autor: Moura, Rafael Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2010, Vida, p. A27

O número de casos de dengue no Estado de São Paulo subiu 1.983,5% de 2009 para este ano, informou ontem o Ministério da Saúde. Segundo a pasta, foram notificados 202.312 casos da doença de janeiro até o dia 16 de outubro deste ano, contra 9.710 em 2009.

Em todo o País, a notificação subiu de 489.819 para 936.260 no mesmo período - um aumento de 91,14%. Até o dia 16 de outubro, o número de óbitos provocados pela dengue chegou a 592, sendo 141 em São Paulo. No ano passado foram 312 no País. Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o cenário nacional deste ano é "tão preocupante" quanto o do ano passado.

De acordo com o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho, cerca de 70% dos casos notificados neste ano ocorreram nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre. O ministério alega que a volta da circulação do tipo 1 da doença, que predominou no final da década de 1990, contribuiu para o aumento dos números. Em quase todos os Estados brasileiros grande parte da população não teria imunidade a esse sorotipo.

Municípios da Baixada Santista enfrentaram neste ano uma epidemia de dengue, o que explica, em parte, o salto porcentual de São Paulo. O Estado apurou que a forma como são feitas as notificações pode ter contribuído para o resultado. Em vez de informar ao governo apenas os quadros confirmados por laboratório, também teriam sido notificados os suspeitos. Com a epidemia seria difícil fazer o teste laboratorial em todos os casos.

Apesar dos números, São Paulo não foi incluído na lista de Estados brasileiros com "risco muito alto de epidemia" - constam nela Amazonas, Amapá, Maranhão, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia e Rio de Janeiro. Entre as capitais brasileiras, a cidade de São Paulo apresenta índice "satisfatório", segundo o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Liraa) 2010.

A pesquisa aponta 15 municípios em situação de risco de surto da doença no País, dentre eles duas capitais - Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO). "(A dengue) é um problema muito sério de saúde pública. Estamos investindo no desenvolvimento de uma vacina, mas não teremos o imunizante em menos de três anos", disse Temporão. Ontem foi lançada a campanha de combate à dengue, com a mensagem Dengue: Se Você Agir, Podemos Evitar.

Criadouros. O perfil dos criadouros predominantes das larvas do mosquito varia conforme a região. No Norte e Nordeste, o problema predomina em áreas de abastecimento de água (caixas d"água, poços), enquanto no Sul e Sudeste concentra-se em depósitos domiciliares, como vasos e pratos de plantas, lajes, piscinas. No Centro-Oeste, o criadouro predominante é o lixo.

Temporão destacou a contenção da dengue tipo 4, em Roraima, que voltou a circular no Brasil após 28 anos. "Nós impedimos que esse vírus saísse de Roraima e circulasse por todo o País." Foram confirmados dez casos de dengue tipo 4 em Roraima, entre julho e agosto deste ano. O trabalho de intensificação da limpeza urbana contou com o auxílio do Exército.

Cidades ameaçadas

15 municípios - 11 no Nordeste, 3 no Norte e 1 no Sudeste - correm risco de surto da doença

8 cidades paulistas estão sob a classificação de alerta do Liraa