Título: Nem mais, nem menos do que se esperava
Autor: Dantas, Fernando ; Trevisan, Cláudia
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/11/2010, Economia, p. B1/3/4

A montanha pariu o rato que já se esperava que viesse à luz, na reunião do G-20. Nesse sentido, não há decepção com os resultados do encontro. Pela singela razão de que dele não se esperava muito mesmo.

O comunicado com as "decisões" dos líderes é tão vago quanto extenso. Em suas mais de 20 páginas, anunciam-se estudos, elaboração de índices e estruturas de supervisão econômica global que já são conhecidos ou já existem. O FMI ganhou força nesse campo.

Nova reunião, presumivelmente para adotar providências mais concretas, foi marcada para 2011, na França. Nada de datas.

O "acordo de Seul", considerado pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, "melhor que um desacordo", condena o "salve-se quem puder", mas abre espaço para que emergentes com problemas de valorização cambial e crescentes riscos em suas contas externas, defendam suas economias, inclusive com controles de capitais.

Em linguagem prática, concede, na falta de acordo com regras que impeçam as chamadas "desvalorizações competitivas", uma licença de caça implícita. No caso do Brasil, as indicações da presidente eleita Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, é que a licença será usada, gradualmente, de acordo com a necessidade.

O risco é que, no cotidiano, se perca tempo na adoção de medidas para enfrentar os problemas estruturais que produzem resistências a uma queda acentuada e rápida da taxa e juros - um dos maiores, senão o maior, componente da equação de valorização do real.

É COLUNISTA DO ESTADÃO.COM