Título: Geladeira e computador voltam para a indústria
Autor: Vialli, Andrea
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/11/2010, Vida, p. A24

Empresas testam modelos de logística para recolher esses aparelhos, mas falta ampliar a oferta

Enquanto a regulamentação da lei de resíduos sólidos não sai, as empresas já buscam modelos para recolher geladeiras ou computadores antigos e reciclar seus componentes.

A fabricante de eletrodomésticos Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, criou uma divisão em sua fábrica em Joinville (SC) para desmontar refrigeradores e aparelhos de purificação de água que emprega 25 pessoas. Embora a empresa não possua ainda um canal de recolhimento de geladeiras antigas nas casas dos consumidores, a "matéria-prima" chega via concessionárias de energia elétrica que possuem programas de troca de equipamentos antigos.

De acordo com Vanderlei Niehues, gerente-geral de sustentabilidade da Whirlpool, desde 2005 foram recuperados em torno de 3 mil toneladas de componentes, como aço, plásticos e gases de refrigeração. Ele observa que, com a regulamentação da lei de resíduos, esses volumes tendem a crescer. "Será preciso ampliar parcerias com o varejo ou criar centros de coleta para estimular o consumidor a dar um fim correto a esses equipamentos antigos", diz.

No caso de computadores, há empresas que se especializaram em recolher os equipamentos nas empresas e reciclar os componentes. A Ceva Logistics é uma delas - fechou contratos com grandes fabricantes de computadores para retirar os equipamentos em empresas. Por mês, são recolhidos 5 mil equipamentos de informática, especialmente computadores e impressoras.

Em um galpão localizado em Jundiaí, a empresa faz a desmontagem dos aparelhos. Muitos são recondicionados e voltam ao mercado. Outros vão para a etapa final de reciclagem, que é feita nos Estados Unidos, onde os metais nobres, como ouro e prata, são separados e reaproveitados.

Montanha. De acordo com Gustavo Paschoa, gerente de desenvolvimento de negócios da Ceva Logistics, prestar esse tipo de serviço já é um imperativo. "Só este ano serão comercializados 13,5 milhões de computadores no Brasil. Imagine a montanha de lixo eletrônico que teremos nos próximos anos", diz.

Futura sucata

5 a 8 anos É a vida útil de um computador

11,5 milhões de televisores novos devem ser vendidos em 2010

93,4% Dos domicílios têm geladeira

PARA LEMBRAR

Lei de resíduos tramitou por 19 anos

O projeto de lei que criou a política nacional de resíduos sólidos tramitou no Congresso por 19 anos, até ser aprovada no Congresso no primeiro semestre deste ano e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início de agosto. A lei determina que União, Estados e municípios elaborem planos para tratar de resíduos sólidos, estabelecendo metas e programas de reciclagem. Também proíbe lixões e afirma que cabe às indústrias o descarte de produtos eletrônicos, entre outros. O sistema, chamado de logística reversa, deverá ser implantado por fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes. Com isso, depois de usados, itens como pilhas, baterias e pneus, além dos produtos eletroeletrônicos e seus componentes, deverão retornar para as empresas, que darão a destinação ambiental adequada. Hoje 43% dos resíduos coletados no País recebem destinação inadequada. Com a aprovação do marco regulatório, empresas já começam a se preparar para a obrigatoriedade da logística reversa. Paralela à lei nacional, Estados como São Paulo também preparam leis específicas para o tema.