Título: Analistas veem crescimento de até 1,6% no 4º trimestre
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/2010, Economia, p. B3

Especialistas dizem que depois de a indústria ter ajustado os estoques, a economia deve [br]voltar a acelerar

Depois de a indústria ter ajustado os estoques, o ritmo de atividade deve voltar a se acelerar de forma sustentável entre outubro e dezembro em relação ao trimestre anterior. Especialistas ouvidos pelo Estado preveem que a economia brasileira cresça entre 0,8% e 1,6% no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior.

O sinal que a economia voltou a se acelerar foi captado pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), indicador mensal que tenta antecipar o Produto Interno Bruto ( divulgado a cada três meses pelo IBGE).

Em setembro, o indicador do Banco Central subiu 0,69% na comparação com agosto, descontadas as influências sazonais. Foi a maior taxa mensal desde março deste ano (1,1%). Segundo o indicador, a economia cresceu 0,35% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior, quando a taxa de variação havia sido de 1,2%.

"O PIB andou de lado no terceiro trimestre", afirma o economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges. Ele observa que, por causa da indústria, responsável por um terço do PIB e que tirou o pé do acelerador desde abril para ajustar os estoques, a economia perdeu velocidade no trimestre. Mas agora, passado o ajuste, a expectativa é que o PIB cresça cerca de 1%. "É um ritmo de crescimento bom , sustentável e não alarmante."

Mais otimista que Borges, o economista Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, projeta crescimento de até 1,6% do PIB no último trimestre. Ele faz essa estimava com base na prévia de outubro do PIB do Itaú Unibanco (PIBIU)que indica crescimento de 0,6% em outubro na comparação com setembro.

No entanto, o indicador fechado de setembro do Itaú Unibanco divulgado ontem, e que corresponde ao IBC-Br, teve resultado muito inferior ao índice apurado pelo BC: cresceu apenas 0,1% na comparação com o mês anterior. Já o Indicador de Tendência de Atividade (ITA), elaborado pela consultoria Tendências , registrou em setembro um resultado muito próximo do índice do BC e cresceu 0,6%.

Bernardo Wjuniski, economista da consultoria, diz que o menor ritmo da indústria, por causa do ajuste de estoques, fez o PIB perder fôlego no terceiro trimestre. Nas suas contas, houve crescimento de 0,8% na comparação com o segundo trimestre. Mas, para o último trimestre, ele projeta um aumento entre 0,8% e 1% ante o terceiro trimestre.

"Não vamos ter mais aquele crescimento espetacular de 2,3% registrado no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2009", diz a economista do Santander, Luiza Rodrigues. Para o último trimestre, ela projeta uma taxa de crescimento de 1,1% em relação ao período imediatamente anterior.

Sustentada pelo crescimento da renda, do emprego e do crédito, a demanda continua "fortíssima", diz Luiza. Ela explica que no terceiro trimestre houve um descasamento entre a demanda e a oferta, o que levou o PIB a reduzir o ritmo de alta.

Ajuste. A oferta de produtos suprida pela indústria desacelerou porque os estoques acumulados no primeiro semestre, em razão da iminência da volta da cobrança do IPI sobre carros e eletrodomésticos, atingiram níveis indesejáveis. Por isso, foi necessário um ajuste na produção. "Mas a demanda continuou forte", diz Luiza.

Para sustentar essa análise, ela observa que as vendas no varejo cresceram em julho, agosto e setembro 0,7%, 1,9% e 0,44%, respectivamente. Enquanto isso, a produção industrial aumentou 0,5% em julho, mas caiu 0,18% em agosto e 0,16% em setembro. A partir de agora, porém, oferta e demanda voltarão a caminhar na mesma direção, prevê a economista.

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