Título: Previsão é de queda da expansão global em 2011
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2010, Economia, p. B1

O crescimento mundial vive definitivamente mais um momento de instabilidade. As perspectivas econômicas publicadas ontem pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicam a queda do ritmo da atividade econômica global em 2011 e uma nova recuperação em 2012. Nos Estados Unidos e no Japão, as estimativas para o próximo ano foram reduzidas. Já na Europa, foram reavaliadas para cima. Os dados foram divulgados na manhã de ontem, em Paris. Segundo a OCDE, o crescimento mundial será de 4,6% em 2010, mas cairá a 4,2% em 2011 - em maio, a estimativa era de 4,5% para o próximo ano. Já em 2012, o nível se eleva novamente, retornando aos 4,6%.

Grande parte da desaceleração do próximo ano será causada pela retomada mais lenta que o previsto nos EUA. Em 2010, o crescimento do PIB americano será de 2,7% e, em 2011, 2,2%. Em maio, a OCDE previa 3,2% para os dois anos. Os EUA só voltam a crescer acima de 3% em 2012. A mesma tendência é verificada no Japão, que cresce mais que o previsto neste ano - 3,7%, ante 3% previstos em maio -, mas menos em 2011: 1,7%, ante 2% estimados até aqui. Mas, para os japoneses, o pior cenário vem em 2012: crescimento de 1,3%.

Entre as economias mais industrializadas, a melhor notícia vem da zona do euro. Apesar da crise das dívidas e do crescimento lento, a OCDE estima que a retomada em 2010 será bem maior que o esperado: 1,7%, ante 1,2% previsto em maio. Em 2011, a estimativa oscila ligeiramente em baixa, de 1,8% para 1,7%, mas volta a subir em 2012: 2%.

Segundo o economista-chefe da OCDE, Pier-Carlo Padoan, o balanço e contraditório. "A retomada econômica mundial está em curso", mas "o crescimento, bem mais dinâmico nas economias de mercado emergentes, continua fraco e desigual na maior parte da zona OCDE, marcada por um recente decréscimo da atividade".

Irlanda. Apesar da crise da dívida, a OCDE não aprofundou sua análise sobre as perspectivas econômicas do país. Segundo Padoan, o governo irlandês enviará mensagem "extremamente benéfica" aos mercados caso aceite a ajuda planejada pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Para o economista, a crise irlandesa é causada pelo "alto custo" pago pelo socorro dos bancos.