Título: Haddad contesta dados usados para calcular o IDH brasileiro e vê melhora
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/11/2010, Vida, p. A33

Apesar de a educação ter sido apontada como um dos fatores que empurram o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil para baixo, o ministro da pasta, Fernando Haddad, considerou positivo o desempenho apresentado pelo País na área. "Do ponto de vista de uma geração, os números melhoraram muito", afirmou, ao comparar os dados de expectativa de vida escolar e a média de anos estudados pela população acima de 25 anos.

"Para esse grupo, a média de anos estudados foi de 7,2 anos. As crianças agora têm expectativa de estudar 13,8 anos. É uma melhora considerável", afirmou o ministro.

O Brasil foi o 73.º colocado no relatório divulgado anteontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), um avanço de 4 posições em relação ao índice do passado (mais informações nesta página). O desempenho no novo IDH não foi melhor em razão dos indicadores de educação, afirmou Flávio Comim, economista do Pnud.

Embora não tenha feito críticas específicas ao IDH-2010, o ministro da Educação contestou os números usados em um dos indicadores usado pelo Pnud. De acordo com o relatório oficial das Nações Unidas, a expectativa de anos escolares caiu de 14,5 anos para 13,8 anos entre 2005 e 2010 no País.

"Esses dados contradizem o Censo Escolar, levantamento brasileiro que é reconhecidamente um dos melhores do mundo", disse.

Haddad reconheceu, no entanto, a dificuldade de melhorar rapidamente a média de escolaridade da população com mais de 25 anos. "Os dados representam um fardo histórico. Fazem retrato do passado, não das ações atuais."

O ministro também observou que há uma grande dificuldade em preencher vagas para cursos voltados a adultos. Algo que poderia melhorar esse problema, afirmou Haddad, seria a ampliação da oferta de cursos no formato do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação Jovens e Adultos (Proeja). "Há maior atrativo", completou.

De acordo com ministro, o Plano Nacional de Educação deverá apresentar metas para que seja dada ênfase a cursos no formato do programa, sobretudo para anos finais do ensino fundamental e ensino médio.

Para o ministro, é preciso mais tempo para analisar os dados do IDH-2010. "Não sou favorável à troca constante de indicadores, porque se perde série histórica", ponderou.

Enem. Haddad afirmou que o Ministério da Educação investiu R$ 50 milhões em equipamentos de informática para dar suporte a todas as atividades referentes ao Enem. "Foram várias ações, desde a inscrição", disse.

A prova começa na tarde de hoje e deve ser feita por cerca de 4,6 milhões de estudantes.

PARA LEMBRAR Educação é o maior entrave para o Brasil

No ranking divulgado anteontem, o Brasil foi a nação que mais avançou: 4 posições em um ano, chegando ao 73.º lugar entre 169 países. O desempenho é suficiente para integrar o grupo de desenvolvimento humano elevado. Entretanto, no ranking paralelo de desigualdades regionais, o IDH-D, o País caiu 15 posições. Entre os motivos estão a desigualdade de renda e a falta de acesso a saúde e saneamento básico. Mas o maior entrave é a educação. A nova metodologia considera uma espécie de "expectativa de vida" da educação, ou seja, os anos em que o jovem deve passar estudando. Neste item, o Brasil regrediu de 14,5 para 13,8 anos de estudo.