Título: Mercado espera recuperação para 2011
Autor: Mendes, Karla ; Cruz, Renato
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/11/2010, Negocios, p. B22
Fatores como a Copa do Mundo, a Olimpíada e a venda de licenças de telefonia celular de 4G animam fornecedores
Apesar da situação ruim, os fornecedores veem uma luz no fim do túnel para os próximos anos. As operadoras discutem com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) um novo Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU), que as obrigará a fazer novos investimentos. A agência também prepara o leilão das licenças de telefonia celular de quarta geração (4G).
Além disso, a retomada de investimentos da Oi deve ajudar na recuperação do mercado. "A chegada a Portugal Telecom (PT) na Oi abre uma nova fase de investimentos na empresa", ressaltou Jonio Foigel, presidente da Alcatel-Lucent no Brasil.
O executivo também está apostando suas fichas nas sinergias entre Claro e Embratel e entre Vivo e Telefônica. "A Vivo, por exemplo, projeta a Telefônica como um comprador em todo o Brasil, não mais restringindo a empresa ao Estado de São Paulo", destaca. A compra da GVT pela francesa Vivendi também é outra perspectiva positiva para o setor, observa Foigel, diante do potencial de a operadora brasileira expandir-se nacionalmente como uma empresa multimídia, segmento no qual a Vivendi é uma das líderes no mercado mundial, por meio da Universal.
Grandes eventos. Outra frente que clareia os horizontes das teles é a realização da Copa do Mundo em 2014 e da Olimpíada em 2016. A realização desses eventos, na visão de Elia, indica que as empresas podem até reduzir investimentos, mas não podem "cortar na carne".
"Vejo uma perspectiva de crescimento. Não nos patamares anteriores, mas terá de haver investimento em LTE (4G), principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro (para atender à demanda de aumento de tráfego de voz e dados nos eventos mundiais)", ponderou o executivo.
Pressão. Apesar da animação dos fornecedores com projetos que surgirão das fusões do setor, a melhora dos custos operacionais é outra consequência da união entre empresas, o que reduz os preços e diminui as margens dos fornecedores.
"Com as aquisições, Telefónica e Telmex, por exemplo, ganharam mais capacidade de negociação para suas compras, que passam a ser direcionadas não só para o Brasil, mas para a América Latina como um todo", afirmou Elia San Miguel, analista de telecomunicações da consultoria Gartner. "E, quando se tem uma operadora maior, ela é mais poderosa e os fornecedores se veem obrigados a baixar os preços para fechar as compras", reforça.
A especialista também chama a atenção para a "invasão" de empresas chinesas no segmento de fornecimento de equipamentos como outro fator de redução das margens dos fabricantes. "Os chineses estão causando uma revolução, aumentando a competição global e baixando os preços", disse.
Exigências. Boa parte dos investimentos feitos nos últimos anos teve como origem exigências regulatórias. Logo depois da privatização das telecomunicações, em 1998, as empresas tinham metas de universalização que, se fossem antecipadas até 2001, permitiriam a elas atuar em novos mercados.
Na compra de licenças de telefonia celular, as empresas também assinaram contratos com obrigações de cobertura, que levaram a grandes investimentos em telefonia móvel nos últimos anos. A queda dos investimentos neste ano refletiu o cumprimento da maior parte dessas obrigações.