Título: Decisão de Correa 'caiu como uma luva', diz analista
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2010, Economia, p. B9

CORRESPONDENTE / BUENOS AIRES - O Estado de S.Paulo

A decisão da Petrobrás Argentina, subsidiária da Petrobrás, de não fazer a migração de contratos no Equador, não deve afetar a companhia, segundo opinião de analistas ouvidos pela Agência Estado. "Petrobrás Argentina é uma empresa que está muito focalizada no upstream (parte da cadeia produtiva que antecede o refino) no país. O que ela herdou da antiga Pérez Companc, como a exploração do Bloco 18 e do Campo Unificado de Palo Azul no Equador, não são relevantes para suas finanças", diz o diretor do Departamento Técnico do Instituto Argentino de Energia General Mosconi (IAE), Gerardo Rabinovich.

O analista considera que a posição do Equador de mudar os contratos das companhias petrolíferas no país caiu como uma luva para a Petrobrás. "Claro que as novas exigências do presidente Rafael Correa para as companhias favoreceram a estratégia global da Petrobrás, que já tinha sinalizado sua intenção de fazer desinvestimentos no exterior."

Rabinovich afirmou, no entanto, que a decisão da Petrobrás Argentina de reduzir sua presença no Equador não estaria relacionada à necessidade da Petrobrás de concentrar investimentos no desenvolvimento do pré-sal. "O que se pode definir nesse âmbito é muito marginal comparado aos volumes de investimento que a Petrobrás requer para desenvolver suas jazidas."

Segundo ele, a retirada "tem mais a ver com a política global regional do Brasil que com a política da petrolífera, já que a estratégia energética brasileira é muito mais ampla e está restrita ao petróleo". Rabinovich opinou que o planejamento do País em energia, por meio de suas empresas estatais, contempla a expansão regional, desde que possa canalizar as oportunidades da região aos interesses nacionais.