Título: Quero andar nesse trem modernoso
Autor: Pereira, Renée ; Fukuda, Nilton
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/11/2010, Economia, p. B6

A imagem da velha locomotiva, que durante anos foi o ganha-pão da família Rogel, está gravada na parede da lanchonete, que já dura mais de 60 anos, na antiga Estação Ferroviária de Campinas. Ali, Marcos Roberto cresceu vendo o vaivém dos trens de passageiros, que aos poucos desapareceram da estação.

"O fim foi triste. Vimos amigos, passageiros e ferroviários indo embora e nada podia ser feito. Mas, apesar dos altos e baixos, conseguimos nos manter firmes na lanchonete", diz Rogel, de 63 anos, que assumiu a administração do estabelecimento aos 18 anos.

Ele conta que, quando pequeno, a estação chegou a ter 23 horários de trens para vários destinos. "A gente acertava o relógio com a chegada do trem. Era muito pontual", conta ele, lembrando que o pai tinha um restaurante dentro do trem que fazia a linha Campinas-Santa Fé do Sul.

Rogel acredita que a construção do trem-bala será o ressurgimento dos trens de passageiros no Brasil. A partir deste, outros ramais vão aparecer, avalia ele, que não vê a hora de fazer sua primeira viagem num trem de alta velocidade. "Não posso perder a oportunidade de andar nesse trem modernoso", diz o comerciante.