Título: Indicadores têm razões distintas
Autor: Gonçalves, Glauber
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2010, Economia, p. B6

Em São Paulo, indústria puxa alta no emprego; em outras cidades, destaque é a construção civil

- O Estado de S.Paulo

Embora as regiões metropolitanas do Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre se destaquem nacionalmente com suas baixas taxas de desemprego, os motivos que levam o número de pessoas desocupadas para baixo em cada uma delas difere.

Em São Paulo, é a rápida recuperação da indústria que traz forte alento ao mercado de trabalho. "É uma surpresa, porque foi uma das regiões que mais demitiu no chão de fábrica na crise", diz o gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, Cimar Azeredo.

Na região metropolitana de São Paulo, a taxa de desocupação caiu 31,4% em outubro deste ano ante igual período de 2009. É a região que puxa a melhora no mercado de trabalho no País.

Segundo Azeredo, Belo Horizonte e Porto Alegre já têm tradição de taxas mais baixas. "Quando a situação já é favorável, qualquer variação leva a taxa para baixo." Ele diz que, recentemente, o setor de construção civil vem se sobressaindo. Segundo Eduardo Schneider, economista do Dieese, nos últimos 12 meses, a região metropolitana gaúcha registrou 20% a mais de pessoas ocupadas no setor.

O Rio, embora tenha apresentado crescimento menos expressivo nos últimos meses, consegue manter os índices de desocupação sob controle em razão da forte participação de pessoas mais velhas na população economicamente ativa. "O porcentual da faixa de 50 anos ou mais é maior do que em qualquer outra região. E a população mais jovem é a que mais tem problemas com relação ao desemprego", afirma Azeredo.

Mesmo sem taxas de crescimento tão altas como de outros Estados, a região metropolitana do Rio também enfrenta falta de mão de obra.

"Ficamos muito tempo sem obras grandes. Com isso, todo mundo queria estudar Direito e Administração, e ninguém fazia Engenharia Civil. Hoje estamos tendo muitas obras de infraestrutura e da Petrobrás, e falta gente", diz o empresário João Luis Casagrande, da Casagrande Engenharia. A empresa vem enfrentando dificuldade para contratar cinco profissionais especializados em obras de engenharia estrutural e 15 projetistas sêniores.