Título: Para ministro, alta da inflação é temporária
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2010, Economia, p. B7
A atual alta da inflação é em parte temporária, e deve-se ao aumento de matérias-primas, commodities e alimentos, afirmou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em seminário no Rio de Janeiro. Ele lembrou que a "inflação de alimentos acaba voltando (isto é, recuando), como aconteceu no início deste ano, quando ela subiu de janeiro a março e caiu em abril".
Mantega voltou a defender a ideia de que se preste mais atenção ao núcleo da inflação que retira do índice os alimentos e os combustíveis. Ele notou que esse núcleo está abaixo de 5% em 12 meses, o que vê como bom em relação à meta de 4,5%.
Para Mantega, há economistas que só enxergam a inflação cheia. "Está subindo vamos aumentar os juros", disse, referindo-se ironicamente àqueles analistas. Ele observou também que a atenção ao núcleo que expurga alimentação e combustíveis é usual nos Estados Unidos.
Ele disse ainda que um dos itens que mais subiram na inflação, a remuneração das empregadas doméstica, "é bom sinal, faz parte da modernização do País".
Mantega defendeu a troca dos índices IGP (Índice Geral de Preços) pelo IPCA (índice oficial da meta)na indexação de contratos de serviços (como energia elétrica) e de aluguéis. Mantega explicou que o IGP tem componentes importantes, como o minério de ferro, cuja produção no Brasil é exportada na sua maior parte. A alta desses itens, portanto, internaliza, por meio da indexação de contratos ao IGP, uma inflação "que não é brasileira".
Traçando um panorama otimista da economia, o ministro disse que o crescimento da demanda a 10,3% ao ano significa a estabilização "num patamar forte, o que é muito bom". Mas ele revelou que a Fazenda baixou sua estimativa de crescimento para 2011 de 5,5% para 5%, por causa das medidas de contenção da demanda".