Título: Site muda de domínio para permanecer no ar
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2010, Internacional, p. A34

WikiLeaks muda-se para a Suíça e abre páginas na Holanda, Finlândia e Alemanha; governos de EUA e França pressionam pelo seu fechamento

Depois do cerco jurídico a Julian Assange, contra quem pesa um mandado de prisão da Interpol, EUA e países europeus pressionaram empresas de informática que auxiliam o funcionamento do site WikiLeaks. Ontem, no sexto dia de revelações dos telegramas diplomáticos do Departamento de Estado americano, o site foi obrigado a mudar de domínio e de país para seguir ativo.

Na quinta-feira, a Amazon já havia sido pressionada por Washington a deixar de hospedar o WikiLeaks em seus servidores. Ontem, o cerco se fechou ainda mais na Europa. A EveryDNS, empresa que hospedava o site, anunciou a extinção do domínio wikileaks.org, alegando que ataques cibernéticos em massa contra a página ameaçavam a estabilidade de toda a infraestrutura de hospedagem de outros 500 mil sites da empresa.

O endereço de internet deixou de existir, saindo do ar no início da manhã. A reação veio horas depois, com a recriação do site em outro endereço, hospedado por empresas da Suíça e da França. Desde então, o domínio passou a ser wikileaks.ch e é assegurado por um partido "pirata", que reúne defensores da liberdade online.

Versões do site foram criadas também na Alemanha, Holanda e Finlândia. O ministro da Indústria, da Energia e da Economia Digital da França, Eric Besson, anunciou a intenção de proibir a hospedagem do site em empresas francesas, entre as quais a OVH, sob alegação de que o WikiLeaks viola o segredo diplomático.

Resposta. A OVH contra-atacou e respondeu rápido ao governo francês. "Não é responsabilidade dos políticos ou da OVH decidir a respeito do fechamento do site", afirmou a empresa, em comunicado. A OVH disse ainda que o caso deve ser decidido pela Justiça.

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