Título: São Paulo fica em 7º, atrás de ES e Região Sul
Autor: Paraguassú, Lisandra ; Mandelli, Mariana
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2010, Vida, p. A17

Resultado está longe de refletir o poder econômico do Estado mais rico do País; Minas Gerais apresenta melhora em pontuação

Os resultados da avaliação por Estados feita pelo Ministério da Educação com base nos dados do Pisa 2009 mostram que São Paulo subiu do 11.º para o 7.º lugar entre as 27 unidades da federação. Se não é tão ruim quanto há três anos, quando perdia para Estados como Paraíba e Sergipe, o resultado está longe de refletir o poderio econômico paulista.

O Estado melhorou nas três áreas avaliadas e está acima da média brasileira em todas. No Pisa 2006, perdia em ciência e leitura e igualava em matemática. "Houve uma melhora, mas estamos evitando comparações porque a amostra deste ano está mais bem dimensionada, o que pode causar distorções", disse o ministro da Educação, Fernando Haddad. Em 2006, o governo paulista alegou que havia erro, porque a margem de erro da amostra em São Paulo era menor que em outros Estados.

Correções feitas, o Estado melhorou. Mas ainda perde para toda a Região Sul, Minas Gerais, Distrito Federal e Espírito Santo. A boa colocação dos Estados do Sul, que têm uma tradição de ensino mais qualificado, assim como o campeão Distrito Federal, não surpreende. No entanto, Minas Gerais, um Estado mais problemático por conta das desigualdades internas e mais pobre que São Paulo, surge com um resultado melhor e pode servir como um espelho desagradável para os paulistas.

Para o secretário estadual, Paulo Renato Souza, os resultados são motivo de comemoração. "O desempenho é fruto de políticas focadas na aprendizagem, envolvendo currículo, novas metodologias de avaliação e valorização dos profissionais, por meio de medidas como os bônus de resultados", afirmou o ex-ministro ao Estado.

Sobre São Paulo aparecer abaixo dos Estados do Sul e de outros do Sudeste, Paulo Renato destaca o tamanho da rede paulista e a heterogeneidade econômica como os principais fatores de impacto. "Nossa rede é muito grande. Além disso, os Estados do Sul do Brasil são socialmente homogêneos", explica o secretário. "Já no caso de Minas Gerais, eles começaram reformas educacionais antes de São Paulo."

Diferenças. Na parte de baixo do ranking, também não há muitas surpresas. O Maranhão, que em 2006 era o último colocado, teve resultados muito melhores em 2009. Aumentou, por exemplo, em 43 pontos sua média em leitura - o que revelaria mais um problema de amostra, segundo o ministro, que uma evolução verdadeira. Mesmo assim, passou apenas para o penúltimo lugar, ganhando de Alagoas, que piorou em leitura e ciências.

Dez Estados conseguiram ultrapassar a média nacional geral do Pisa, que é de 401 pontos. O campeão, Distrito Federal, alcançou 439 pontos e mantém a distância do resto do País, ainda que a diferença tenha diminuído. Em 2006, o DF estava 61 pontos acima da média brasileira. Nesses três anos, o Brasil melhorou mais rápido e o DF ainda caiu 6 pontos em matemática.

Outras duas unidades da federação também caíram nessa área: Sergipe e Santa Catarina. Sete - Alagoas, Amapá, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e Roraima - pioraram em ciência. Apenas Alagoas piorou em leitura.

Para a presidente-interina do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e secretária de Educação do Acre, Maria Corrêa da Silva, as diferenças entre Estados são decorrentes de defasagem histórica. "É injusto cobrar do Norte e Nordeste um desempenho compatível ao do Sudeste e do Sul, que receberam mais investimentos durante muito tempo. As mudanças qualitativas em educação demoram a aparecer", explica.