Título: Equipe econômica será mais coesa com Tombini no BC
Autor: Graner, Fabio; Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2010, Economia, p. B3
Alexandre Tombini reforçou o entendimento de que a equipe econômica de Dilma Rousseff vai começar a trabalhar em janeiro de forma mais coesa que nos últimos anos do governo Lula. Aos senadores, o economista reafirmou o tripé macroeconômico seguido à risca por Henrique Meirelles, composto pela meta de inflação, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante. Mas mostrou que há espaço para o BC ser mais assertivo em alguns assuntos. Sinalizou que a rigidez para manter o poder de compra da moeda vai ser mantida, mas sem esquecer o poder de fogo da instituição. A artilharia poderá ser usada mais vezes.
Ontem, o discurso de Tombini mostrou que o BC passa a contar com um presidente que dialoga com mais facilidade com o Ministério da Fazenda. A simples proximidade entre os principais órgãos da equipe econômica abre um novo horizonte na condução da economia a partir de janeiro de 2011. Isso porque a relação das duas casas foi conflituosa nos últimos anos com disputa silenciosa entre o desenvolvimentismo de Guido Mantega e o monetarismo de Meirelles. Às vezes, a diferença colocou BC e Fazenda em campos distantes em temas importantes, como a valorização do real e a política de juros.
Agir mais fortemente no câmbio, por exemplo, é desejo antigo da Fazenda, que já aumentou impostos e sempre planejou que o Fundo Soberano do Brasil adquirisse a moeda americana para tentar conter a valorização do real. No BC atual, predomina a visão de que as distorções tendem a ser corrigidas pelo próprio mercado. A Fazenda sempre apoiou instrumentos para baratear o crédito a empresas e famílias, o que aumenta o consumo. O tema é visto com ressalva pelo atual BC, já que pode elevar a pressão sobre os preços.
O discurso de Tombini agradou os senadores. Dos 23 que compareceram à sabatina, 22 votaram pela aprovação. O economista gaúcho foi elogiado por representantes do governo e da oposição. Foi questionado sobre temas mais espinhosos, como o Banco Panamericano e o juro básico da economia, mas repetiu o comportamento do atual presidente Meirelles: disse que não poderia falar sobre o assunto, já que o Comitê de Política Monetária (Copom) decide hoje sobre o juro