Título: Quase metade dos brasileiros nasce por meio de cesária
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2010, Vida, p. A20

Quase metade dos partos realizados no Brasil ocorre por meio de cesárea. Levantamento do Ministério da Saúde mostra que o porcentual da operação saltou de 38% para 47% entre 2000 e 2007. "É preciso encontrar novas alternativas para combater esse avanço. As ações realizadas até agora não mostraram eficácia esperada", admitiu o diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde, Otaliba Libânio Neto.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, associa a preferência da brasileira à cesárea a fatores como modismo, estética e rapidez. "Mas essa prática pode trazer uma série de problemas, tanto para o bebê quanto para a mãe." O estudo apresentado ontem mostra, por exemplo, um aumento de crianças que nascem com baixo peso, um fator que risco para mortalidade.

No Sudeste, região com maior porcentual, 9,2% das crianças nasceram com menos de 2,5 quilos. Na Região Sul, foram 8,7%. Os menores índices de baixo peso são registrados onde há menos cesáreas: no Norte e Nordeste. "Isso nos leva a crer que o alto número de cesáreas pode estar contribuindo para o aumento do baixo peso", disse Libânio.

O levantamento aponta para uma redução de 10% do total de nascimentos no País de 2000 a 2008. Um fenômeno identificado em todo País, exceto no Norte, e registrado entre mães mais jovens. O grupo etário entre 15 e 24 anos representa 93% dessa queda. Apesar da redução, o estudo admite ainda haver um grande número de adolescentes que engravidam. Dos partos feitos em 2007, 20% ocorreram entre mães de 15 a 19 anos.

Mortalidade materna. Outro aspecto revelado pelo trabalho é a tendência de estabilidade da mortalidade materna, a partir de 2000. Em 2007 foram 75 mortes para cada 100 mil nascidos vivos. Um número ainda bem superior ao de países desenvolvidos, mas melhor do que o quadro apresentado em 1990, quando eram registradas 140 mortes por cada 100 mil nascidos vivos.

O trabalho aponta um aumento do número de consultas do pré-natal. Hoje, 60% das mulheres fazem sete ou mais consultas. Deborah Malta, do Ministério da Saúde, reconhece que, com esse indicador, haveria possibilidade de uma redução mais significativa das mortes. "Há um esforço para melhorar a qualidade dessas consultas."