Título: Refap volta a ser 100% da Petrobras
Autor: Lima, Kelly ; Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2010, Economia, p. B6

Estatal adquiriu ontem 30% da cota operada pela espanhola Repsol YPF; negociação foi de aproximadamente US$ 850 milhões

A Petrobrás anunciou ontem a compra da fatia da espanhola Repsol YPF na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, que voltou a ser 100% estatal. A operação, de US$ 850 milhões, representa mais um avanço da estatal num setor onde é praticamente monopolista. A Repsol, por sua vez, conclui seu processo de saída do mercado brasileiro de refino e distribuição de combustíveis.

A companhia espanhola detinha 30% da Refap S.A., empresa criada em 2001 para controlar a refinaria gaúcha, em um processo iniciado pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para reduzir a participação estatal no setor. Segundo o acordo anunciado ontem, a Petrobrás pagará US$ 350 milhões pela fatia adquirida, além de assumir uma dívida de US$ 500 milhões.

"Para a Petrobrás, é uma operação importante, a Revap S.A. era outra empresa e não tinha 100% de sinergia. Além disso, havia uma competição no fornecimento de petróleo para a unidade (entre a Repsol e a estatal brasileira)", comentou Costa, em encontro de fim de ano com a imprensa. De acordo com ele, as negociações duraram cerca de um ano.

Em nota oficial, a Repsol informou que a operação finaliza um processo de desinvestimento em ativos de downstream (termo que engloba os segmentos de refino, distribuição e revenda de petróleo e derivados) não integrados em toda a América Latina.

No fim de 2008, a empresa vendeu sua rede de postos no Brasil para a Ale, por US$ 55 milhões, e na refinaria de Manguinhos. Além disso, se desfez de ativos no Chile e no Equador.

Futuro. A empresa reitera, no texto, que mantém investimentos na área de exploração e produção na costa brasileira. A Repsol produz petróleo no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, em parceria com a Petrobrás e é sócia da estatal nos projetos Carioca e Guará, no pré-sal da Bacia de Santos. Além disso, desenvolve o campo de Piracucá, em Santos, e também possui outros 14 blocos exploratórios.

A compra da fatia da Repsol na Refap amplia o domínio da Petrobrás no setor de refino brasileiro. Com capacidade para processar 190 mil barris de petróleo por dia, a refinaria gaúcha era a única unidade de grande porte no País com participação da iniciativa privada.

O governo Fernando Henrique ainda tentou negociar uma participação estrangeira na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), mas o processo não foi adiante.

A estatal avançou também sobre as refinarias privadas. Em 2007, em parceria com Braskem e grupo Ultra, comprou o grupo Ipiranga e sua refinaria em Rio Grande (RS). Agora, a companhia analisa "sinergias" com a refinaria de Manguinhos, no Rio. De acordo com Costa, a direção da estatal discutirá em reunião amanhã um estudo a respeito do tema.

Em nota divulgada em junho, as empresas informaram que as análises já realizadas incluíam "a modernização da refinaria de Manguinhos para produção de gasolina, diesel e produtos diferenciados".