Título: China vai elevar meta de inflação em 2011
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2010, Economia, p. B9
Aumento do índice para 4% no ano que vem indica aperto monetário menos agressivo
A China vai estabelecer uma meta de cerca de 4% para a inflação ao consumidor em 2011, mais que a meta de 3% definida para este ano, informou ontem a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, indicando que o governo deve desistir de fazer um aperto monetário agressivo.
"As principais metas para desenvolvimento econômico e social estabelecidas pelo governo central para o ano que vem são que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá cerca de 8% e o índice de preços ao consumidor será limitado em cerca de 4%", disse Zhang Ping, diretor da poderosa agência chinesa de planejamento, segundo a rede CCTV.
A meta de crescimento de 8% é, como nos últimos anos, algo discutível. A maioria dos economistas acredita que a segunda maior economia do mundo crescerá cerca de 9% no próximo ano. E embora seja mais alta que a deste ano, a meta de inflação de 4% não é novidade para a China. Em 2008, Pequim estabeleceu uma inflação de cerca de 4,8% e, para 2009, a meta também era de 4%.
Os comentários de Zhang foram a primeira declaração oficial com metas numéricas para 2011 após uma reunião anual de líderes do governo encerrada no domingo, evento essencial para estabelecer a política econômica da China para o ano que vem.
Em comunicado, os líderes deram mais ênfase à luta contra a inflação, mas também prometeram manter um equilíbrio entre estabilidade de preços e crescimento econômico.
Crédito. Mais cedo, o governo anunciou que os bancos da China deverão fornecer cerca de 7,6 trilhões de yuans (US$ 1,14 bilhões) em novos empréstimos neste ano e como meta novos empréstimos levemente abaixo desse valor em 2011, segundo Yu Bin, diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Conselho Estatal da China.
Os comentários de Yu podem refletir o desejo de Pequim de garantir ampla liquidez para dar suporte ao crescimento econômico em 2011, mesmo enquanto os formadores de política tentam controlar a alta da inflação gerada, em parte, pelo aumento dos empréstimos bancários nos últimos dois anos. "Embora o crédito vá declinar no próximo ano, isso não terá efeito negativo sobre a economia real", disse Yu.
Os bancos chineses forneceram 7,44 bilhões de yuans em novos empréstimos no período de janeiro a novembro, o que totaliza mais de 99% da meta do governo de 7,5 trilhões de yuans em todo este ano.
Uma pesquisa da Reuters previu que Pequim reduziria a meta de 2011 para 7 trilhões de yuans. A maioria dos entrevistados pela pesquisa também estima que o BC chinês elevará o juro antes do fim do ano e duas vezes mais em 2011, parte de uma campanha para conter a inflação. Em novembro, os preços ao consumidor da China atingiram o maior nível em 28 meses, subindo 5,1%.
O Congresso Nacional do Povo vai discutir políticas e metas econômicas para 2011 na reunião anual marcada para março. Recentemente, o governo tomou medidas monetárias e administrativas para combater a inflação, como o aumento na taxa do compulsório dos bancos e a elevação dos juros em outubro pela primeira vez em três anos.