Título: Planalto dá crédito de confiança a petista
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/12/2010, Nacional, p. A4

O Palácio do Planalto foi econômico ontem na defesa do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que teve a assinatura digital incluída numa declaração endossando a liberação de R$ 3,1 milhões em verbas do Ministério do Turismo para uma entidade fantasma.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros mais influentes não perderam a confiança em Padilha, segundo interlocutores. Eles avaliaram, no entanto, em conversas na manhã de ontem, que o caso revelado pelo Estado fragiliza as pretensões ministeriais de Padilha. Segundo apurou a reportagem, o staff do Palácio considera que Padilha não tem o perfil considerado ideal para assumir funções mais complexas no governo, como o Ministério da Saúde, cargo desejado pelo PT.

Visto pelo gabinete presidencial como um assessor esforçado, Padilha conquistou a simpatia de Lula ao costurar, antes mesmo de assumir o cargo de ministro, uma rede de prefeitos e parlamentares sem expressão de apoio ao Planalto. Padilha, porém, não apareceu nas primeiras listas de ministros anunciadas pela presidente eleita, Dilma Rousseff. A tarefa de fazer as negociações com o Congresso, no próximo ano, uma tarefa que no papel é reservada à pasta do ministro, ficará com Antonio Palocci, que ocupará a chefia da Casa Civil.

O Planalto avalia que Padilha não tem responsabilidade direta no episódio da liberação de verbas. Mas está investigando como a assinatura eletrônica dele foi parar no documento revelado ontem pelo Estado. Há fortes indícios, segundo fontes do governo, de que tanto a assinatura quanto o documento tenham sido produzidos na própria Secretaria de Relações Institucionais, dirigida por Padilha, mas sem o conhecimento e consentimento dele. Como o Turismo liberou os recursos, com base num documento com "fraudes grosseiras", como ressaltou o próprio ministro Padilha, o governo reconhece que há um culpado nesta história. O Planalto está recomendando a revisão de outros contratos assinados e emendas liberadas com as mesmas características. O governo quer ainda que a liberação desse tipo de emenda seja modificada e a ideia é suspender emendas para patrocínio de eventos.