Título: Economia cresceu 0,51% em outubro, diz BC
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2010, Economia, p. B4

Indicador do Banco Central mostra que a economia teve o melhor desempenho em seis meses, o que aumenta a pressão pela alta dos juros

A atividade econômica ganhou ainda mais força em outubro e já está com o maior ritmo de crescimento em seis meses. Pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central mostra que a economia brasileira cresceu 0,51% na comparação com setembro. É o quarto mês consecutivo de aumento do ritmo da atividade. Esse crescente da economia reforça o entendimento do mercado financeiro de que é necessário subir a taxa de juros para desacelerar a demanda e, assim, conter a escalada dos preços.

Considerado uma prévia do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve em outubro o melhor desempenho desde abril. Naquele mês, o índice cresceu 0,92% e o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu iniciar o processo de aperto monetário e subiu o juro básico da economia, a Selic, em 0,75 ponto porcentual, para 9,50%.

Hoje, a economia também está em um movimento crescente como o visto no início do ano. Para analistas, esse comportamento vai culminar com a expansão do PIB cada vez mais perto de 8% em 2010. "A demanda doméstica continua muito favorável e explica o ritmo mais forte. O emprego está em níveis históricos, a renda segue em expansão e o crédito continua crescendo. Isso tudo colabora para o aumento da demanda e a expansão da economia", diz Rafael Bacciotti, analista da Tendências Consultoria.

Mesmo com a tradicional acomodação da indústria no fim do ano - que demite parte dos temporários e dá férias aos empregados após a forte produção para o Natal, Bacciotti avalia que a economia deve continuar em expansão em todo o último trimestre de 2010. "Os estoques estão elevados e a indústria reduz o ritmo, mesmo assim a atividade deve seguir aquecida pela demanda". Alguns setores, como de serviços, mostram essa força ao manter ritmo superior à da economia há vários meses.

Inflação. Para o BC, o problema do crescimento forte está na inflação.

Com mais emprego e renda, cresce a demanda por bens e serviços. Só que muitas empresas não conseguem atender a todos os clientes e, diante disso, aumentam os preços. É a velha lei da oferta e da procura. Nos últimos meses, a inflação tem subido sistematicamente. Atualmente, o mercado espera alta de 5,85% em 2010 e 5,21% em 2011. Nos dois casos, aumentos maiores que o centro da meta de inflação, que é de 4,50%.

"É a subida dos preços que preocupa o BC. Em documentos recentes, a instituição já demonstrou atenção com temas pontuais, como o mercado de trabalho aquecido e a subida de preços nos serviços", ressalta o analista da Tendências. Pelas contas do mercado, o BC deve começar a subir o juro em janeiro de 2011 - na primeira reunião sob o governo de Dilma Rousseff - com uma alta da Selic de 0,50 ponto, para 11,25%.

Depois, novas altas idênticas na taxa de juros devem ocorrer em março e abril.