Título: SUS vai testar exame que detecta doença em apenas 2 horas
Autor: Toledo, Karina
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2010, Vida, p. A14

Iniciativa começa no Rio e em Manaus, que têm grande número de casos da doença; resultado, hoje, leva até 2 meses

Um exame capaz de diagnosticar a tuberculose em menos de duas horas começará a ser testado no SUS em 2011. Atualmente, o resultado pode demorar mais de dois meses para ficar pronto. A fase piloto deve durar quatro meses e será feita no Rio e em Manaus, cidades que mais concentram casos da doença.

"Se obtivermos os mesmo resultados dos testes preliminares, implantaremos o exame em toda a rede ainda em 2011. Será uma revolução no tratamento", diz Dráurio Barreira.

O método, chamado GeneXpert, já foi testado com sucesso em outros países e recebeu o aval da Organização Mundial da Saúde (OMS). O exame consiste em uma máquina e um recipiente onde é colocada a amostra com secreção respiratória do paciente. Em pouco tempo, a máquina analisa o material biológico e indica se há presença do bacilo de Koch.

Outra grande vantagem do teste é que ele permite saber se o paciente tem sensibilidade aos medicamentos mais comuns usados no tratamento ou se a bactéria é do tipo resistente. Por ser rápido e de fácil uso, diz Barreira, é ideal para ser aplicado em moradores de rua e populações indígenas e contribui para o tratamento precoce da doença.

Mas para vencer a guerra contra a tuberculose também é preciso reduzir a taxa de abandono do tratamento, que no País está em torno de 12%. O preconizado pela OMS é entre 0% e 5%.

O carroceiro Rogério Guimarães já fez parte dessa estatística. Logo que foi diagnosticado por um agente de saúde iniciou o tratamento. "Mas eu não tomava os remédios todo dia. Eram muitos comprimidos, sentia mal-estar", conta. Depois de uma melhora inicial, a doença voltou ainda pior. "Quase morri porque parei o tratamento. Agora faço tudo direitinho", afirma.

O pneumologista Alexandre Milagres explica que o grande problema do abandono do tratamento é o surgimento de bactérias resistentes a antibióticos. "Apenas 5% dos pacientes se contaminam com bactérias resistentes. Em 95% dos casos, é o abandono do tratamento que leva à resistência."