Título: Agência Moody's corta nota de crédito da Irlanda
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/12/2010, Economia, p. B12

Apesar da ajuda financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, rebaixamento foi de Aa2 para Baa1

A agência de classificação de risco Moody"s desaprovou ontem os esforços da Europa para combater a crise da dívida, cortando a nota de crédito da Irlanda em cinco graus, apesar do resgate concedido ao país pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O incomum e forte rebaixamento ocorre em meio a uma cúpula da UE, realizada com o objetivo de restaurar a confiança do mercado ao criar uma rede de segurança financeira permanente para a zona do euro a partir de 2013, com os líderes prometendo fazer o que for preciso para proteger a moeda comum.

A Moody''s reduziu a avaliação de crédito da Irlanda de Aa2 para Baa1 com perspectiva negativa, e alertou que mais rebaixamentos podem ocorrer se Dublin não for capaz de estabilizar seus problemas de dívida - originados na crise bancária que sucedeu o estouro de uma bolha imobiliária.

A notícia da redução de rating chegou no segundo dia de negociações entre os 27 líderes da UE, reunidos com o objetivo de impedir a propagação da crise que afetou Grécia e Irlanda para outros países endividados, como por exemplo, Portugal e Espanha.

Na quinta-feira, a Moody''s aumentou os temores do mercado sobre a situação financeira da Grécia, primeiro país da zona do euro a receber um resgate, dizendo que o rating grego está em revisão para possível corte devido a incertezas sobre a capacidade do país em reduzir o endividamento.

Ainda nesta semana, a Moody''s colocou a dívida da Espanha para revisão e a Standard & Poor''s disse que pode cortar a nota de crédito da Bélgica no ano que vem.

"Os eventos recentes demonstraram que o desgaste financeiro de um Estado-membro pode rapidamente ameaçar a estabilidade macro financeira da UE como um todo, por meio de vários canais de contágio", informou um esboço do comunicado final da cúpula da UE obtido pela Reuters.

"Isso é particularmente verdadeiro para a zona do euro, onde as economias, e especialmente os setores financeiros, são estreitamente interligados."

Na primeira sessão da cúpula, os líderes rejeitaram os pedidos por medidas imediatas, como ampliar o fundo de resgate temporário, permitir que seu uso para comprar bônus seja flexibilizado ou abrir linhas de crédito antes que os países endividados percam acesso aos mercados.

Com a insistência da Alemanha, os líderes disseram que o mecanismo anticrise de longo prazo - que será acrescentado ao tratado da UE - só será ativado "se for indispensável para salvaguardar a estabilidade do euro como um todo".

Uma fonte da delegação francesa disse que os líderes também discutiram a proposta de emitir bônus conjuntos da zona do euro, algo que encontra forte oposição da Alemanha. Não houve consenso sobre a medida, porém. / REUTERS